Resumo: No Só de António Nobre há poemas que apresentam uma singularidade estrutural que os diferencia dos demais. Os poemas são, na ordem em que estão dispostos naquela obra, "António" (1891), "Os Figos Pretos" (1889), "Poentes de França" (1891) e "Males de Anto 11 (Meses depois, num cemitério)" (1891); e a singularidade refere-se ao fato de eles serem constituídos em contraponto, ou seja, em forma de vozes que se respondem, se completam ou se contrapõem. Essa estrutura contrapontística - ou dialógica - patenteia-se através da disposição gráfica das estrofes, dos elementos formais nelas utilizados e dos temas desenvolvidos. Analisar a relação entre as vozes em cada um destes aspectos e evidenciar a importância dessa estrutura dialógica na organização do Só e na composição da personalidade poética de António Nobre, bem como as discussões históricas que esses poemas apresentam, é o objetivo deste trabalho