Resumo: Procurando inserir o romance No Coração dos Boatos, de Uilcon Pereira, nos momentos históricos de sua escritura e de sua circulação, este trabalho pretende contribuir para pôr essa obra em discussão. Para tanto, tenta mostrar que, em meio ao grande número de romances publicados no final dos anos 70 e início dos 80, o texto uilconiano guarda sua originalidade apesar de estruturar-se, como muitos outros, a partir de recursos já incorporados à tradição ficcional moderna, como a fragmentação e a intertextualidade. A descrição estrutural de No Coração dos Boatos mostra, por trás do aparente caos surrealista-psicodélico, um método em que sobressai a problematização do próprio conceito de narrativa e literatura em relação ao contexto 'da cultura de massa no Brasil, tomada elemento essencial da própria fatura do texto, consistente no diálogo entre lógica narrativa e indeterminação, projetivo de um jogo de espelhos entre consciente e inconsciente, sujeito histórico e "memória arcaica". No final, tem-se a narrativa de uma aventura pessoal e ao mesmo tempo histórica, narrativa na qual todos os elementos estruturais são dialetizados: personagens, tempo, ação, cenário e tema se movem constantemente num jogo combinatório que resulta alegórico da mente contemporânea da cultura de massa.


Palavras-chave: Vanguarda (Estetica) , Ficção brasileira