Resumo: O Retardo de desenvolvimento de linguagem (doravante RDL) configura-se na clínica fonoaudiológica como um fenômeno bastante indefinido. Esta indefinição evidencia-se, entre outras, pela dificuldade de se configurar suas características e de se identificar o que determina a sua resolução no processo terapêutico. Tomando-se como objeto de análise o processo fonoaudiológico desenvolvido durante um ano, com uma criança que apresentava queixa de RDL, procuro, neste trabalho, entender o conjunto de fenômenos que constituem tal entidade clínica e, ainda, refletir sobre o que acontece na relação fonoaudióloga/paciente, buscando configurar as mudanças que esta relação pode operar no desenvolvimento lingüístico da criança paciente. Esta reflexão é atravessada por dois discursos distintos: o do sócio-internacionalismo, enquanto hipótese sobre a natureza da linguagem, e o da psicanálise, enquanto uma teoria da clínica. A possibilidade de articulação desses dois discursos permitiram-me vislumbrar um lugar singular, diferente daquele tradicionalmente dado ao fonoaudiólogo, isto é, um lugar que se distancia do modelo médico ou pedagógico. Além disto, ao se alçar o dado clínico como objeto de análise, foi possível ver a "patologia da linguagem" como algo além da falta ou do desvio com relação ao normal, ou como manifestação de. problemas orgânicos ou funcionais. Este trabalho aponta, assim, a clínica como lugar privilegiado para uma teorização da fonoaudiologia