Resumo: Esta dissertação é uma proposta de leitura da "tradição Gregório de Matos", a partir da análise da última edição completa, a de James Amado, de 1969. Posicionando-se diante da afirmação de Antônio Houaiss de que, na ausência de uma edição crítica, todos os julgamentos baseados no texto disponível tornam-se precários, o autor da dissertação busca um caminho que permita ao crítico estudar a obra atribuída a Gregório de Matos. Para tanto, procura redefinir em bases mais concretas o conceito de "tradição Gregório de Matos", a partir da teoria da "movência", formulada por Paul Zumthor para os textos medievais. A tradição redefinida como co-autora da chamada "obra de Gregório de Matos". Os copistas do século XVIII, ao reunirem o que a tradição intermediária atribuía a Gregório, praticaram diversos níveis de acomodação do texto aos pré-textos de suas interpretações. O mesmo ocorreu com os editores do século XIX e XX. Assim, utilizando a terminologia de Paul Zumthor, cada texto deverá ser considerado como variação, e não apenas como variante. A edição de James Amado é analisada como a última variação, a última realização do trabalho de co-autoria da tradição. Uma edição que cria um Gregório de Matos - personagem-poeta popular - à imagem do populismo da década de sessenta.
Palavras-chave: Poesia brasileira - Historia e critica