Resumo: O presente trabalho visa a examinar as questões levantadas pela narrativa do sonho e as dificuldades de formulá- Ias, no interior dos conceitos e instrumentos descritivos- de que a Linguistica e a Teoria Literária têm, tradicionalmente, se servido para tratar a narrativa. Como ponto de referência para uma reflexão sobre a insuficência e inadequação desse quadro teórico, tomado em sua generaI dade, foi escolhido o Iivro de M ieke Ba I "Teoría de Ia Narrativa", tanto pelo empenho da autora em eIaborar uma sintese das .posições vigentes quanto peIa exaustividade descritva"a que almeja através da multiplicação de sub-categorias. E justamente este movimento tanto general idor quanto anal ftico que deixa a descoberto pressupostos epistemológicos redutores de uma leitura do sonho como objeto da narrativa. o material eleito para tratar da narrativa do sonho ~ o "Sonho da Injeção de Irma" que abre os trabalhos de Freud em "A Interpretação dos Sonhos". As condições de produção, se assim se pode dizer, deste sonho de Freud, desenvolvidas por ele mesmo em sua anáIise, são ampliadas a partir da correspondência mantida com seu amigo FIiess na mesma época. Os dois materiais narrativos - narrativa do sonho e narrativa das cartas - produzem um efeito aparente de ponto de origem que, graças às próprias associações Iivres de Freud, se desfaz, desestabiIizando, também, a aparente coerência narra iva que os sustenta. Dá-se, assim, a ver a riqueza do trabalho de implosão que o inconsciente tem sobre o já escutado, já d to, já vivido. A par tir dessa analise , é possive I contrapor-se à construção de categorias e sub-categorias de anál ise que implicam um sujeito completo e unitário, produtor de objetos teóricos ou práticos à sua imagem e semelhança



Palavras-chave: Analise do discurso , Sonhos - Narrativas pessoais , Psicanalise