Resumo: Apesar das pesquisas em tradução automática (TA) já se desenvolverem há quase meio século, o desejo de se obter uma tradução de alta qualidade, totalmente automática (F AHQT - "Fully Automatic High Quality Translation") ainda não se tornou realidade. Como sugere minha reflexão, o desenvolvimento de sistemas capazes de traduzir pode ser relacionado a uma concepção de linguagem que pressupõe a possibilidade de literalidade do significado, em moldes logocêntricos, ou seja, de um significado supostamente estável, contido o próprio texto, em sua estrutura lexical e' sintática. Conforme tal concepção,' a tradução consiste num processo de substituição e/ou transferência de ignificados literais que independem de um sujeito e do contexto onde são produzidos. O objetivo primeiro deste trabalho é mostrar, a partir de uma abordagem pós-estruturalista do processo tradutório, que os computadores são incapazes de fornecer uma F AHQT porque a tradução se dá através de um pro¬cesso de produção de significados e não através da simples transferência ou reprodução destes. Serão apontadas as implicações desse novo modo de se conceber a tradução para a pesquisa e o desenvolvimento de sistemas de TA, considerando-se principalmente o reconhecimento e a valorização do papel do tradutor que tal concepção sugere