Resumo: Porque um olhar descerrado sobre qualquer poética é sempre uma exigência ao olho, diga-se desde logo que este é um olhar que não recusa a aderência ao texto. O "olho crítico" não está aqui mobilizado para fundamentar distâncias, cerrar conceitos, colocar as imagens em suspensão numa malha que se autotece. Mas, também, não há recusa em "olhar de fora" o que o poeta, pela força acionada nos poemas, insiste em colocar para dentro das imagens. Olhar uma poética é um olhar sobre o movimento. Tomar o seu curso, aderir o olho ao caminho das palavras, ao encontro dos significados, é o exercício perseguido no seio da poesia. Este ponto-de-vista, portanto, nada mais é: uma aprendizagem que segue o esforço da elucidação. Aprender e apreender foram, conjugadamente, os intentos procurados; afinal, envolver com um olhar o olho do poeta é também olhar com ele.
Palavras-chave: Poesia portuguesa - Historia e critica; Poetica