Resumo

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A realização de (t/d) e (-r) em coda em Campinas e Jundiaí : uma proposta sobre mobilidade

Natasha Reginato Mourão

Orientador(a): Livia Oushiro

Mestrado em Linguística - 2024

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - M865r


Resumo:
Pesquisas sobre a realização de (t/d) antes de [i] no estado de São Paulo Abaurre e Pagotto, 2002; Pagotto, 2016 e outros) indicam um processo avançado de mudança linguística em direção à palatalização. Quanto ao (-r) em coda, estudos no estado de São Paulo apontam a predominância da forma retroflexa no interior (cf. Leite, 2010, Carreão, 2018), enquanto o tepe predomina na capital (Oushiro, 2015), mas observações informais constatam a ocorrência de tepe também no interior. Com isso em mente, o presente trabalho oferece uma descrição do encaixamento linguístico e social dessas variáveis na fala de 18 indivíduos de Campinas-SP e 5 de Jundiaí?-SP. Para isso, foram realizadas entrevistas sociolinguísticas com falantes dessas duas cidades, que foram selecionados de acordo com: (i) gênero (feminino, masculino); (ii) faixa etária (20-34 anos, 35-59 anos, 60 ou mais); e (iii) nível de escolaridade (até ensino médio, superior). Essas variáveis são analisadas considerando a mobilidade pendular e rotineira (Britain, 2013) dos indivíduos, na medida em que esta pode ter um papel na difusão das formas linguísticas. Assim, como parte da entrevista sociolinguística, foi proposto um questionário de mobilidade, a fim de mapear os hábitos de mobilidade rotineira dos participantes; nesse questionário, solicitou-se aos participantes a indicação das cidades/regiões mais visitadas em um mapa do estado, como uma proposta de operacionalização do "grau de mobilidade" dos indivíduos. As entrevistas foram transcritas e, após a codificação das ocorrências e das variáveis previsoras, foram feitas analises estatísticas usando modelos de regressão logística de efeitos mistos (Levshina, 2015), os quais permitiram observar correlações entre as variantes de (t/d) e (-r) em coda e as variáveis linguísticas e sociais. Em ambas as cidades, para a variável (t/d), a predominância é da africada pós-alveolar. No entanto, em Campinas, a oclusiva é favorecida em palavras com a consoante vozeada /d/, em sílabas átonas, seguidas por consoante alveolar. Essa variante também e? mais frequente em falantes mais velhos (ainda que não predomine em relação a? africada pós-alveolar em nenhuma faixa), em momentos de menor atenção a? fala (conversa, em comparação a? leitura) e tem correlação com a mobilidade para os falantes do gênero masculino. Em Jundiaí?, com relação às variáveis linguísticas, a oclusiva e? favorecida em palavras com a consoante vozeada /d/, em sílabas átonas, em posição inicial e seguida por consoante alveolar. Quanto ao (-r) em coda, a variante retroflexa predomina em Campinas e Jundiaí. Os casos que favorecem tepe em Campinas compreendem falantes que têm ensino superior, em contextos de maior atenção a? fala (leitura, em comparação à conversa) e em palavras cujo contexto seguinte tem o traço [- continuo]. O modelo de regressão também apontou uma interação entre estilo (conversa ou leitura) e faixa etária, uma vez que faixas etárias mais velhas apresentam mais tepe em contextos de maior atenção à fala (leitura), enquanto a 1a faixa etária não parece diferenciar os graus de atenção em favorecimento de uma variante.

Palavras-chave: Português paulista; Mudanças linguísticas; Língua portuguesa - Palatalização; Róticos; Campinas, Região Metropolitana de (SP)

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