Resumo: Esta pesquisa se dedica à análise de enunciados breves, incluindo as “frases sem texto” (Maingueneau, 2010 e 2014), fórmulas discursivas (Krieg-Planque, 2010a, 2010b, 2011), e pequenas frases políticas (Ollivier-Yaniv, 2011; Boyer; Gaboriaux, 2018). O foco central é descrever o funcionamento linguístico e discursivo desses enunciados, concentrando-se na expressão cristalizada “doutrinação” e suas circulações em diversos discursos, como o moral, educacional, político, jurídico, institucional, midiático/informativo e artístico. Para atingir esse propósito, procedeu-se à análise das menções explícitas e alusivas à palavra “doutrinação”, em conjunto com o “percurso” e os “textos-chave” a ela associados. A pesquisa fundamenta-se na concepção de fórmula, conforme proposta por Krieg-Planque (2003), e nas abordagens metodológicas delineadas por Oliveira (2022) para identificar expressões cristalizadas. Além disso, adotam-se perspectivas teóricas, tais como o discurso virtuoso (Paveau, 2015), perfil semântico e formações interdiscursivas (Moirand, 2021), unidades tópicas e não tópicas, heterogeneidade discursiva e semântica global (Maingueneau, 2008a, 2008b, 1998), heterogeneidade enunciativa (Authier-Revuz, 1998) e dissenso (Amossy, 2017). A pesquisa propõe analisar as fórmulas como potenciais “espaços de dissenso”, adicionando essa dimensão as multiplas manifestações da polêmica nos discursos. A organização do corpus segue a cronologia das formulações e suas variantes sintagmáticas em diversos textos e gêneros discursivos. O cerne da investigação consiste em discernir e compreender o discurso moral em torno da expressão “doutrinação”. As conclusões apontam para a identificação de dois posicionamentos preponderantes nos textos, caracterizados como “humanistas” e “moralistas”. Esses refletem uma dicotomia entre perspectivas humanistas e aquelas que podem ser rotuladas como “moral” – compreendidas como visões críticas ou conservadoras em relação à suposta doutrinação. A análise destaca, ainda, uma subversão e reelaboração da memória discursiva sobre o Colégio Pedro II (CPII) e a compreensão dessa fórmula como indutora de conflitos.

Palavras-chave: Doutrinção idelógica; Discursos; Polêmica