Resumo

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No discurso do ex-presidiário : da desgraça à testemunha espectral/residual

Fábio Pacheco Piantoni

Orientador(a): Marcos Aurelio Barbai

Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2023

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - P573n


Resumo:
A presente pesquisa ouve o discurso do ex-presidiário e busca compreendê-lo no interior da Análise Materialista de Discurso, fundada por Michel Pêcheux. A disciplina nos possibilita refletir sobre o “eu” e suas formas de subjetivação, pensar a língua em sua materialidade, contrastar formulações às condições de produção do dizer, construir dispositivos analíticos em seu interior e sobrepor campos do saber (marxismo, psicanálise e linguística). Dispositivos teóricos e analíticos que, ao se fundirem com nosso objeto de análise, sustentam a seguinte questão: que identidades atravessam o sujeito que foi preso, “pagou” sua dívida e que agora retorna ao convívio social? Ainda, “quem o É, pelo que se diz SER?”. O foco é na dominação das práticas de dizer sobre a prática daquele que diz (e que é falado por ele) ser falha da imagem de cidadão. Ao dizer de si, o sujeito “se” concebe e formula o nome (símbolo de si). É no espaço da formulação que se observa a imanência de um “eu” que outrora fora tomado administrativamente/juridicamente pelo Estado para imputação de juízo. O ex-presidiário diz do tempo/espaço da prisão (punição/sujeição) ao mesmo tempo que revela sua exterioridade enquanto ex. Posição de retorno aos espaços normatizados que aponta seu entorno. A análise se assenta no entroncamento entre linguagem, ideologia e formas de controle das identidades. Há uma complexa relação de ordem jurídica/política/discursiva na qual se denuncia quem é regente das normas de nomeação e das lógicas de instituição dos sentidos e seus valores. As análises perpassam por um “eu” que é obrigado a falar de si na materialidade condenatória dada para si mesmo. Peso semântico, sentido desgraçado, que opera na abertura de espaços morfossintáticos na própria qualificação/nomeação do sujeito e que faz formas internas de subjetivação/nomeação se deslocarem. Processo que denominamos de desgraçamento. No desdobramento deste processo, foi encontrada uma forma contraditória de abertura para espaços de subjetivação. A forma negativa do NÃO interdita o sujeito enquanto abre espaços para sua sujeição ao divino. Estas relações estão imbricadas com a imagem de Deus e trabalho. Indicamos que a última determinação é Econômica, que toma dispositivos comunicativos e impõe sua lógica de tempo, labor, espaço, vida e direitos. Tentamos também descrever os resíduos de sua ação, formas residuais espectrais que dizem dos dispositivos/mecanismos de dominação que se estendem ao simbólico, para domínio do imaginário e ordenação da realidade.

Palavras-chave: Discurso; Subjetivação; Identidade; Ex-prisioneiros; Nomeação

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