Resumo: Este trabalho reflete sobre como a função expressiva, sonora e político-social do canto de Elza Soares se deu no disco ‘A Mulher do Fim do Mundo’ entendendo-lhe, bem como à materialidade da voz cantada, enquanto veículos enunciativos do discurso da mulher brasileira contemporânea. Lançado em 2015, pelo selo Circus, o álbum, primeiro de canções inéditas de Elza, foi ganhador de prêmios como o Grammy Latino 2016 e acumulou mais de nove milhões de execuções no aplicativo Spotify. O que se objetiva é avaliar que há neste lugar de destaque mais do que a simples apreciação pelo caráter estético do canto de Elza, mas a materialização de amplos significantes personificados por uma voz, biografia e discursos capazes de promover identidade. Proponho uma leitura a partir dos conceitos do feminismo, calcados em autoras como bell hooks , Angela Davis, Donna Haraway e no que propõe Adriana Cavarero, baseada no conceito relacional de vozes singulares. Em bricolagens metodológicas, lanço um olhar sobre a voz cantada, agregando à leitura momentos de apreciação sonora, em uma proposta de diálogos, considerando esta, a voz, uma temática que foi pouco discutida e, consequentemente, negligenciada nos debates que se circunscrevem aos estudos da linguagem.

Palavras-chave: Soares, Elza, 1930-2022 - Crítica e interpretação; Voz; Cantoras