Resumo: O programa televisivo Profissão Repórter, da Rede Globo de Televisão, completou 10 anos em 2016, uma década de desafios, criatividade, inovação. O jornalístico é exibido semanalmente na emissora, às terças-feiras, por volta das 23h30. Desde sua implantação, pelos jornalistas Caco Barcellos e Marcel Souto Maior, em 2006, se propõe a criar um novo modelo de reportagem na TV, apresentando múltiplas fontes e vários ângulos da notícia, incluindo a formação de jovens jornalistas e os bastidores do processo de produção de cada edição. Esta pesquisa examina a proposta do programa, verifica seu processo de produção, desde a pauta, apuração até a edição. A metodologia central utilizada é a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011), numa perspectiva qualitativa e experimental. Recorre, ainda, ao Método Etnográfico, TRAVANCAS (2006) e MATEUS (2015), para analisar o acompanhamento de produção de um programa (Leilões da Caixa, exibido em 25/10/2017). Foi realizado um mapeamento geral da década de 2006 a 2015, período de interesse desta pesquisa, quando foram produzidos 272 programas e especiais. Destes, foram escolhidas nove edições representativas a serem analisadas, considerando diferentes temáticas e abordagens. Sendo que uma delas, a “Violência policial” (exibida em 24/02/2015), foi examinada detalhadamente a partir das técnicas de análise de conteúdo, o que também foi aplicado ao programa “Leilões da Caixa” acompanhado por esta pesquisadora. O jornalista Caco Barcellos, repórter, apresentador e diretor, representa a alma do jornalístico, de caráter autoral, de imersão total nas pautas escolhidas. Os resultados obtidos indicam que o jornalístico tem um modelo próprio, difícil de ser reproduzido, uma vez que reflete a trajetória profissional de seu criador. Assim, este “modelo” dificilmente será mantido quando o repórter não estiver mais à frente do programa. A “ação”, em definição pela equipe, é o movimento natural da linguagem documental, que o Profissão Repórter carrega, dando voz a minorias, geralmente não ouvidas pelos programas tradicionais, além de liberdade para os repórteres narrarem em primeira pessoa a sequência dos fatos. Essa “ação” é o elemento mais perseguido pelos profissionais na produção das reportagens. Outros elementos como o “repórter humanizado” e “bastidor” dão personalidade e substância ao programa. Esses fatores, aliados às emoções provocadas nos entrevistados e nos repórteres, contribuem como principais características que o diferenciam dos demais jornalísticos de “grande reportagem”. É da “rua” que o programa se nutre, o que reflete a identidade de Caco Barcellos no jornalístico.

Palavras-chave: Profissão Repórter (Programa de televisão); Comunicação; Jornalismo; Reportagens e repórteres