Resumo

Versão para impressão
A inelutável modalidade do ouvível : o diálogo de formas entre o Finnegans Wake de James Joyce e a música erudita contemporânea

Luis Henrique Garcia Ferreira

Orientador(a): Fabio Akcelrud Durão

Mestrado em Teoria e História Literária - 2023

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - F413i


Resumo:
Este trabalho propõe abordar as relações de Finnegans Wake com a música, desde a influência da forma musical na escrita do livro até seu magnetismo estético sobre compositores contemporâneos que andam de mãos dadas com os efeitos e os dispositivos temáticos e formais do experimentalismo joyceano. Objetiva-se explicar brevemente as macroestruturas wakeanas (mobilidade, interpretação coconstrutiva, filosofia circular, sonho e mito), as quais serão problematizadas em conjunto com os dispositivos específicos inter-relacionados a elas, a exemplo da repetição e da simultaneidade. Além da função estruturante como um todo, essas macroestruturas (ou macroforma) refletem diretamente na densidade, nebulosidade, simultaneidade, embaralhamento e assemia da microestrutura (ou microforma multivetorial), que é a linguagem de Finnegans Wake. Após esse panorama da forma, não obstante a predileção de Joyce pela música erudita tradicional, desenvolve-se a hipótese de que o escritor dialoga alusiva e estruturalmente com poéticas musicais modernistas precedentes e contemporâneas à escrita de seu livro, o que é corroborado por exemplos da obra, depoimentos de compositores amigos do irlandês etc. Feita a desmitificação de Joyce como alienado às vanguardas musicais, coloca-se a escrita e a estrutura de Finnegans Wake em diálogo (normalmente indireto) com alguns pressupostos das escolas eletroacústicas concreta e senoidal. Por fim, analisa-se a potência estética do livro sobre a forma musical contemporânea. Entre diversos exemplos, destacam-se algumas abordagens: sobre a mobilidade da Troisième sonate pour piano do estruturalista Pierre Boulez; sobre a paisagem sonora multirreferencial Roaratorio do aleatorialista John Cage; sobre a paisagem sonora granular Riverrun do granularista Barry Truax e sobre a polifônica Omaggio a Joyce do sincretista Luciano Berio, um dos precursores da música eletroacústica mista. Entre os brasileiros, destaca-se o diálogo formal-conteudístico que Flo Menezes estabelece com Finnegans Wake em Phantom-Wortquelle; Words in Transgress e em PAN: Laceramento della Parola (Omaggio a Trotskij). Ambiciona-se também abordar o hibridismo referencial de Gilberto Mendes em Ulysses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour.

Palavras-chave: Joyce, James, 1882-1941. Finnegans Wake - Crítica e interpretação; Música erudita; Música contemporânea; Relações interartes

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.