Resumo

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A plasticidade dialetal de migrantes baianos na Região Metropolitana de São Paulo

Emerson Santos de Souza

Orientador(a): Livia Oushiro

Doutorado em Linguística - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - So89p


Resumo:
Esta Tese aborda as adaptações linguísticas resultantes do contato de migrantes baianos com paulistas na Região Metropolitana de São Paulo. Os principais objetivos deste estudo foram: (i) analisar se variáveis sociolinguísticas de diferentes naturezas perpassam os mesmos processos de adaptação linguística durante o contato dialetal e (ii) avaliar como se dá o encaixamento social e linguístico de suas variantes. Para atingir esses objetivos, recrutaram-se 50 migrantes baianos residentes na Grande São Paulo por meio do método de rede social (Milroy 1987[1980]; Bortoni-Ricardo, 2011 [1985]; Santana, 2018) e realizaram-se entrevistas sociolinguísticas com eles a fim de coletar dados intercambiáveis das variáveis lexicais Tangerina/Mexerica, Aipim/Mandioca, Quentinha/Marmita, Trabalho/Serviço; da variável fonético-fonológica (-r) em coda e da variável morfossintática Negação sentencial. Para obter os resultados, realizaram-se, na plataforma R (R Core Team, 2023), análises estatísticas de regressão logística de efeitos mistos, com inclusão do Participante e do Item lexical como variável aleatória. A expectativa era a de que os migrantes baianos tenderiam a empregar as variantes típicas da comunidade anfitriã (Mexerica, Mandioca, Marmita, Serviço, /r/ Retroflexo/Tepe e a baixa frequência de uso de Neg2/Neg3) em relação às variantes típicas da comunidade de origem (Tangerina, Aipim, Quentinha, Trabalho, /r/ Velar/Glotal e a alta frequência de Neg2/Neg3, respectivamente). Para descrever os padrões de encaixamento social e linguístico das adaptações dialetais dos migrantes baianos em São Paulo, testou-se a correlação desse conjunto de variáveis sociolinguísticas com os preditores Sexo/Gênero (homem; mulher), Idade (variável contínua), Nível de escolaridade (Ensino Fundamental; Ensino Médio), Idade de Migração (variável contínua), Tempo de residência (variável contínua), Rede de contato com baianos (variável contínua) e Grau de autoidentificação paulista declarada (variável contínua) e com os preditores linguísticos que têm sido analisados nos estudos de cada uma das variáveis sociolinguísticas examinadas. Os resultados revelam que os processos de adaptação dialetal de migrantes em situação de contato dialetal não estão relacionados à natureza das variáveis sociolinguísticas, mas sim à regularidade e irregularidade linguística dos dialetos em contato. Na amostra de fala dos migrantes baianos, notaram-se os processos de aquisição, potencialização, contenção, ampliação semântica e ampliação de contexto. Além desses resultados, constatou-se que uma mesma população migrante residente em pontos diferentes de uma mesma região, como capital e interior, podem apresentar padrões diferentes no uso de uma mesma variável sociolinguística; e que migrantes de origens distintas, mas residentes numa mesma comunidade anfitriã podem apresentar padrões diferentes para uma mesma variável sociolinguística. Por fim, a Tese sugere que os termos "acomodação dialetal" e "aquisição de segundo dialeto" não abarcam os processos de adaptação detectados nas análises da presente amostra e propõe o uso do termo "plasticidade dialetal".

Palavras-chave: Sociolinguística; Dialetologia; Contato dialetal; Migrantes; Língua Portuguesa - Regionalismos - Bahia; Língua Portuguesa - Regionalismos - São Paulo (Estado)

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