Resumo

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Concordância nas sentenças copulares sem cópula expressa : dois caminhos

Christine da Silva Pinheiro

Orientador(a): Sonia Maria Lazzarini Cyrino

Doutorado em Linguística - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - P655c


Resumo:
No paradigma das ausências de concordância no Português Brasileiro (PB), para além das variações dialetais específicas, há apenas um tipo de sentença copular denominada de sentença “panqueca”. Usando, como metodologia para julgamento das sentenças, a intuição do falante, seguindo a práxis da Teoria de Princípios e Parâmetros da Gramática Gerativa e tomando, em especial, o framework Minimalista (CHOMSKY, 1993, 1995, 1998, 1999), identifico, nesta tese, outra construção no português brasileiro (PB) que exibe um modelo similar de concordância de gênero: as small clauses livres (doravante, SCLs). Tal construção é uma sentença exclamativa, em que o predicado é “fronteado” para a posição inicial e não há a presença de um elemento copular visível. Na presença de um sujeito com gênero marcado, por exemplo, o feminino —indicado pelo morfema -a — as SCLs podem ter tanto um predicado com marcador de gênero como sem. Não há pesquisas científicas suficientes, no entanto, que mostrem, em SCLs, a existência desse predicado com uma forma não marcada, mesmo na presença de um sujeito com forma marcada (feminino). As SCLs com um marcador de gênero feminino no predicado serão referidas, nesta tese, como “SCLs com concordância” por simplicidade, enquanto as SCLs sem um marcador de gênero feminino no predicado serão referidas como “SCLs sem concordância”. SCLs sem concordância podem ter sujeito nulo ou sujeito indeterminado, enquanto SCLs com concordância, não. SCLs sem concordância possuem leitura coletiva quando há conjunção de sujeito, mas SCLs com concordância possuem leitura distributiva no mesmo ambiente. Além disso, existem leituras distintas entre SCLs sem concordância e SCLs com concordância em diversos ambientes (elipse, partitividade, coordenação e outros). Esses comportamentos distintos entre SCLs com concordância e SCLs sem concordância levaram-me a propor estruturas diferentes para cada tipo de SCL. SCLs sem concordância possuem um elemento interveniente entre o sujeito e o predicado com o qual concorda. Proponho que este elemento seja um pronome nulo, semelhante a um pronome resumptivo. Esse pronome nulo equivaleria ao pronome neutro ‘isso’ em português e funcionaria como um hiperônimo ou nome geral ligado ao sujeito da frase, com o qual formaria uma cadeia. Tal pronome não apenas permitiria a genericidade, mas também seria um operador que poderia selecionar tipos, ocorrências específicas ou situações, dependendo do contexto. As leituras de situação são a principal, mas não a única, relação estabelecida entre sentenças “panqueca” e SCLs neste trabalho. No contexto do paradigma maior de discordância, a estrutura proposta para a SCL também tem a vantagem de introduzir um fenômeno paralelo ao descoberto em francês por Martin, Carvalho e Alexiadou (2020) ao paradigma das discordâncias. O pronome nulo proposto para as SCLs sem concordância do PB funcionaria como um operador coberto paralelo ao ‘ce’ do francês, que, segundo Martins e colegas, serviria como um operador aberto de generalidade

Palavras-chave: Língua Portuguesa - Concordâncias; Genericidade (Linguística); Sentenças copulares; Small clauses livres (SCLs); Discordância de gênero (Linguística); Gramatica comparada e geral - Gênero; Língua Portuguesa - Concordância de gênero

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