Resumo: Nesta tese, apresento uma investigação sobre a argumentação do jornalismo (enquanto instituição social) no processo de enfrentamento às fake news. Seguindo Guimarães (2018), aqui tomo a argumentação enquanto uma relação de significação e própria à enunciação, e não como uma prática ou técnica de persuação e/ou convencimento. Desse modo, consideramos a argumentação como a sustentação de uma posição sobre algo dito por um eu a um tu (Guimarães, 2018). Com uma perspectiva da semântica enunciativa apresentada por Guimarães (2002, 2006, 2017, 2018), apresento a “sondagem” como procedimento geral de análise, procedimento pelo qual o analista escolhe um enunciado, em um determinado recorte do acontecimento enunciativo, e o analisa a partir da relação integrativa daquele com outros enunciados no texto observado (Guimarães, 2018). Tal procedimento não analisa o enunciado por si só, observado de forma isolada, como se o sentido estivesse no próprio enunciado: aqui, a observação está no enunciado enquanto constituído no acontecimento enunciativo, nas relações estabelecidas entre o que aparece no enunciado e também aquilo que não aparece mas que faz significar o enunciado e produzir sentidos. Para identificar como se dá a argumentação do jornalismo, irei descrever o funcionamento da cena enunciativa, isto é, do agenciamento político da enunciação no qual o falante é agenciado enquanto Locutor (aquele que se mostra como responsável pelo dizer), alocutor (o lugar social do qual se fala – como jornalista, por exemplo) e enunciador (o modo como algo é dito no acontecimento enunciativo). Esse procedimento é que vai assegurar a identificação de três características próprias do jornalismo em sua argumentação contra as fake news: o padrão do texto jornalístico; o memorável do jornalismo como defensor da democracia (o que implica na própria defesa do jornalismo; e os mecanismos do jornalismo na luta (quixotesca) contra as fake news.

Palavras-chave: Argumentação; Jornalismo; Fake news; Enunciação