Resumo: Nesta dissertação, elegemos como objeto de estudo as sentenças mediadas pela cópula “ser”, margeadas por dois sintagmas determinantes (DPs) e que estão sob a classe das copulativas especificacionais em Higgins (1979). Partindo do questionamento de se é a especificacional uma subclasse da classe das copulativas predicativas ou da classe das copulativas equativa, temos interesse em iniciar uma descrição para aquelas copulativas que poderá servir de auxílio futuro para uma possível proposta de redução da taxonomia das copulativas apresentada nesse trabalho, alinhando descrição e explicação teórica. Em vista de tal discussão não ser expressiva para o português brasileiro (PB), o nosso objetivo é principalmente descrever os comportamentos sintáticos e interpretativos das copulativas especificacionais nessa língua, comparando-os e contrastando-os com os de copulativas predicativas e equativas do PB. Para tanto, iremos mobilizar alguns meios de controle presentes na literatura formal para determinar, na composição de especificacionais, a contribuição de variáveis independentes como ordem sintática, referencialidade dos DPs e leitura pragmática desses, bem como avaliar predicativas e/ou equativas sob os mesmos meios, a fim de confrontar o comportamento dessas com o de especificacionais. Os principais parâmetros para comparação e contraste serão: posicionamento argumental ou não argumental dos sintagmas; viabilidade como complemento interno do verbo judicativo "considerar", sem haver nesse complemento morfologia verbal explícita; desempenho da concordância de número e pessoa do verbo-cópula; leitura relacional dos DPs em proposição e a relativa ao seu status informacional. Enfim, delimitamos preliminarmente que, entre os modelos teóricos considerados, especificacionais são melhor explicadas pelo modelo de inversão de predicado, que relaciona especificacionais a predicativas. Nesse sentido, especificacionais consistem em sentenças nas quais os DPs são assimetricamente referenciais e possuem distribuição em ordem inversa à de predicativas, na qual o DP não referencial/predicado encontra-se na posição pré-copular e o referencial/argumento/sujeito lógico, na pós-copular. Supomos que esse alinhamento tem consequências, ao permitir concordância com o segundo DP somente em especificacionais entre as copulativas simples do PB, bem como ao restringi-las pragmaticamente à função de pressuposição-foco.

Palavras-chave: Sentenças copulativas; Ser (verbo)