Resumo

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Figurações do 'banal' na poesia de Paulo Henriques Britto

Daniel Bueno de Melo Serrano

Orientador(a): Marcos Antônio Siscar

Mestrado em Teoria e História Literária - 2023

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - Se68f


Resumo:
Esta dissertação investiga a maneira como a noção de “banalidade” figura na obra de Paulo Henriques Britto (1951), inaugurada em 1982, com a publicação de Liturgia da matéria, e composta até o momento por oito livros de poesia. Tomado enquanto noção maleável e abrangente, o “banal” assumirá feições as mais distintas ao longo de quatro décadas de produção, constituindo a maneira particular por meio da qual se processam, na trajetória de PHB, não apenas a tendência ao rebaixamento, que funda a experiência da modernidade, mas também as inquietações e impasses próprios do contemporâneo. Em um primeiro momento, trabalhamos com a hipótese de que, nas obras iniciais do autor, a incorporação contrariada do “banal”, associado às noções de “facilidade” e “sentimentalismo”, refletiria os incômodos vivenciados pelo poeta durante os seus anos de formação, quando procurava encontrar um caminho alternativo às vertentes poéticas consolidadas nas décadas anteriores – o construtivismo de João Cabral e o alegado “confessionalismo” dos marginais. Em seguida, procuramos evidenciar como o posicionamento de PHB frente aos discursos críticos sobre o contemporâneo (sobretudo aqueles que apontam a “frivolidade” ou “mediocridade” da produção do presente), somado às inclinações particulares do autor (amante da prosa e cético quanto à elevação do discurso “poético”), resulta numa incorporação irônica do “banal”, por meio de uma série de procedimentos poéticos que se intensificam a partir das obras publicadas na passagem para os anos 2000. Por fim, examinamos poemas em que o gesto de acolhimento ao “banal” se revela de maneira mais afirmativa, como forma de combater pretensões sublimadoras da poesia e de reivindicar não apenas a retomada de certo horizonte de comunicabilidade, por meio do rebaixamento de temas metafísicos ou sapienciais, mas também a adoção de uma atitude aberta ao acaso e à dimensão irracional da vida e da poesia. Por meio desse percurso analítico, a intenção é demonstrar como a insistência na figuração da “banalidade” constitui um dispositivo produtivo na obra do autor, que por meio desse filtro apreende e processa inquietações poéticas as mais variadas, relativas à configuração da subjetividade, à originalidade, à angústia do sentido e aos limites da linguagem.

Palavras-chave: Britto, Paulo Henriques, 1951; Poesia contemporânea brasileira; Pós-modernismo (Literatura); Poesia - História e crítica; Metalinguagem

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