Resumo: Esta tese propõe que há um desenvolvimento paralelo no pensamento de Jacques Derrida das críticas ao conceito tradicional de tradução e da desconstrução do gênero. O modo metafísico de pensar o traduzir, calcado em uma hierarquia que edifica o texto original enquanto rebaixa o traduzido, encaminha para uma investigação da mesma estrutura binária e controladora em relação ao masculino e ao feminino. Ao questionar esse sistema de pares opositivos que tradicionalmente reduziu a tradução, Derrida teria operado ao mesmo tempo a desconstrução do gênero – oferecendo assim uma abertura à clausura falogocêntrica em que tanto mulheres quanto traduções estiveram aprisionadas. O desenvolvimento da tese se deu a partir da leitura analítica dos seguintes textos, nos quais busquei a aproximação entre a tradução e a questão do gênero: Torres de Babel (2006) e O monolinguismo do outro ou a prótese de origem (2001c), sem deixar de considerar outros momentos em que tal relação apareceu na produção filosófica derridiana. Nestes textos, exemplares da relação que a presente tese buscou defender, foram estudadas as noções de hímen e de língua materna enquanto imagens que desconstroem a própria trajetória da metáfora em geral, e da representação do feminino e da tradução em particular.
Palavras-chave: Derrida, Jacques, 1930-2004 - Crítica e interpretação; Feminino; Língua materna; Hímen; Tradução