Resumo

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'Revolução' no Brasil República : sentidos em movimento

Renata Ortiz Brandão

Orientador(a): Sheila Elias de Oliveira

Doutorado em Linguística - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Or8c


Resumo:
A presente tese se dedica ao estudo da palavra revolução nas enunciações presidenciais da República brasileira, mais especificamente, nos pronunciamentos de posse em que ela comparece, a fim de realizar uma análise semântico-enunciativa da palavra, lançando luz para as repetições, movimentos e disputas em seus sentidos. Para a análise proposta, este trabalho se ancora na Semântica do Acontecimento, tal como desenvolvida pelo professor Eduardo Guimarães (1995, 2002, 2011, 2018), que assume uma posição materialista sobre o funcionamento da linguagem e, por essa via, dialoga com a Análise de Discurso na linha de reflexão desenvolvida por Michel Pêcheux (1969, 1975, 1983) e por Eni P. Orlandi (1992, 1993, 1996). As análises mostram que a designação da palavra revolução se constrói a partir de quatro principais relações semânticas. A primeira é a relação de determinação semântica entre revolução e as palavras nação e povo, que, ao produzirem um imaginário de homogeneidade e união nacionais, fazem revolução significar como um movimento nacional, o que produz um efeito de legitimação da tomada do poder. A segunda relação de determinação semântica se produz a partir de um litígio enunciativo entre revolução e, por um lado, os sentidos de transformação e ruptura; e, por outro lado, os sentidos de ordem e manutenção. Já a terceira relação consiste na determinação semântica da palavra revolução pela palavra democracia, o que se mostrou recorrente – e contraditório – nos pronunciamentos inaugurais produzidos ao longo do regime militar, isto é, em um regime autoritário e antidemocrático que violou a Constituição. A quarta e última relação semântica se produz entre a palavra revolução articulada, em uma relação de contiguidade local, a um elemento especificador que a determina, por exemplo: educacional, científica, tecnológica etc. A determinação semântica por elementos especificadores sobre a palavra produz um imaginário de mudança, porém restrita a um setor social. A partir deste gesto analítico, esta tese produz uma reflexão sobre os movimentos semânticos que ecoam no processo de constituição do regime republicano no Brasil, de suas instituições e seus modos de governo, em suas contradições. As análises mostraram que a palavra revolução, nas enunciações presidenciais, significa como um processo conduzido por classes de poder, e que, desse modo, está a serviço da manutenção da ordem com o suposto objetivo de se atingir o progresso – lenta, pacífica e progressivamente. Nesse movimento, sua designação silencia a região de sentidos que aponta tanto para a possibilidade de transformação social por meio de rebeliões de massa, quanto para a luta popular contra a dominação e a opressão.

Palavras-chave: Revoluções; Republicanismo; Discursos Parlamentares; Semântica do acontecimento; Designação (Linguística); Golpes de estado

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