Resumo: Este trabalho concerne ao estudo da primeira fase e de parte da segunda fase da obra literária de Louis-Ferdinand Céline. Tal estudo se desdobra tanto na forma de ensaios que ensejam demonstrar os princípios e descontinuidades dessas fases da obra de Céline (primeira unidade da tese), quanto no exercício tradutório de alguns de seus textos, quais sejam: Carnet du cuirassier Destouches; Des Vagues; Guignol’s band I e Féerie pour une autre fois I (segunda unidade da tese). Os ensaios analíticos e as traduções foram constituídos gradualmente e ao mesmo tempo, num esforço recíproco de refletir sobre a linguagem de Céline enquanto a linguagem, ela própria, refletia-se e se metamorfoseava (tanto do francês ao português, quanto no interior da própria língua portuguesa). Jogo especular do meta-signo e pululações metamórficas tendem a apontar, contudo, ao entrecruzamento das dimensões sonoras e à predominância da alegoria da dança macabra. A tese central defendida é a de que o estilo de Céline é marcado por metamorfoses e, no entanto, concomitantemente, tais transformações são atravessadas por dois princípios fundamentais, a musicalidade e a morte. Desse ponto de vista, convém observar, enfim, dois corolários: Céline se insere numa tradição literária francesa que privilegia ora a musicalidade e o ritmo na escritura, ora a categoria mortuária como valor estético; Céline cria uma língua que atualiza os valores musicais e mortuários de modo inaudito (tanto da perspectiva da história literária, quanto no interior de sua própria obra).
Palavras-chave: Céline, Louis-Ferdinand, 1894-1961 - Crítica e interpretação; Tradução e interpretação; Linguagem e linguas - Estilo; Estética; Música e literatura; Morte na literatura