Resumo: Esta tese se concentra no tema do “nó mallarmaico”, suscitado por Augusto de Campos no artigo “Mário Faustino, o último ‘verse maker’”, e seus desdobramentos para a poesia de Mário Faustino. No centro desta tensão está a diversidade de perspectivas sobre a “crise do verso”, tendo no pressuposto do encerramento do ciclo histórico do verso o principal ponto de discordância entre ambas as poesias, concreta e faustiniana. O trabalho se estrutura em torno do próprio desenvolvimento da obra literária de Mário Faustino, incluindo poemas, prosas, textos e edições crítico-pedagógicas, traduções e cartas, publicados ou não, e acompanha a formação teórico-metodológica que a constitui. São abordados conceitos como “ideograma”, preconizado por Ezra Pound, e “duração” no sentido bergsoniano. Também dedicamos uma parte deste estudo às confluências com a poesia concreta, sobretudo nas Galáxias, de Haroldo de Campos. A atitude existencial norteada pela aproximação entre linguagem e vida gerou na escrita de Mário Faustino uma postura existencialista inundada por um amor fati, centrado na relação com a morte dentro de uma poesia sustentada pelo verso. Por outro lado, para os principais teóricos da poesia concreta, os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, essa práxis representa uma contradição estrutural da obra. A escritura faustiniana se desenvolveu erraticamente, detendo-se em configurações generalizantes efêmeras concomitantemente a manifestações criativas esparsas, que trazem em comum o vínculo com o verso em poesia e a construção contínua de uma linguagem intrinsecamente relacionada ao seu estar-no-mundo. Para chegar a esta formatação, foi necessário superar as conjecturas do concretismo a respeito da sintaxe discursiva na poesia no século XX

Palavras-chave: Faustino, Mario, 1930-1962 - Crítica e interpretação; Poesia - História e crítica; Poesia concreta; Poesia brasileira; Poesia - Séc. XX