Resumo

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Enunciados de estilo telegráfico nas afasias não fluentes : um estudo discursivo-funcional

Arnaldo Rodrigues de Lima

Orientador(a): Rosana do Carmo Novaes Pinto

Doutorado em Linguística - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - L628e


Resumo:
Uma das principais razões para a Linguística se debruçar sobre as alterações de linguagem nas patologias e, sobretudo, nas afasias é que os dados advindos desse campo ajudam tanto a corroborar quanto a refutar hipóteses sobre o seu funcionamento também em estados considerados ‘normais’ e, assim, contribuir para o próprio desenvolvimento das teorias linguísticas. Dentre os fenômenos mais estudados no âmbito da neurolinguística está o agramatismo, cujo principal sintoma é a presença da chamada ‘fala telegráfica’, ressignificada nesta pesquisa como ‘enunciado de estilo telegráfico’. Essa produção caracteriza-se pela ausência e/ou substituição de palavras funcionais (preposições, conjunções, artigos, pronomes) e, também com a instabilidade com morfologia flexional e derivacional ao longo da produção dos enunciados. Sobre esse fenômeno, uma das questões sobre as quais os pesquisadores mais divergem relaciona-se à heterogeneidade na coocorrência dos sinais entre os casos (variações interindividuais) e nas produções linguísticas de um mesmo sujeito (variações intraindividuais). Esta tese resulta de um estudo qualitativo e interdisciplinar entre os pressupostos da Neurolinguística Enunciativo-Discursiva, a Gramática Discursivo-Funcional e a Filosofia da Linguagem desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, buscando melhor compreender a natureza das variações [inter/intra]individuais nos enunciados de estilo telegráfico produzidos por sujeitos com afasias não-fluentes, o que se configura como seu objetivo central. Os dados de quatro sujeitos com afasias não-fluentes – Dona Olívia, Letícia, Victor e Pedro (nesta tese referidos sob pseudônimos) que participaram do Grupo III do Centro de Convivência de Afásicos (CCA/IEL/UNICAMP) compõem o corpus da pesquisa e foram extraídos do Banco de Dados do ‘Grupo de Estudos da Linguagem no Envelhecimento e nas Patologias (GELEP/CNPq)’. As transcrições são discursivas e as análises são guiadas pelo paradigma microgenético, de modo a evidenciar as variações [inter/intra]individuais, ao longo do acompanhamento longitudinal. Considera-se, para análise dessas variações, desde aspectos relacionados às áreas lesadas, que influenciam a produção das afasias não fluentes, até aqueles mais subjetivos, como a relação dos sujeitos com a sua afasia e as condições de produção dos episódios dialógicos, o conhecimento mútuo compartilhado, a influência de fatores sócio-históricos como o letramento e a escolarização, dentre outros. Recursos alternativos não-verbais (com destaque para a produção gestual) serão considerados de forma central nas análises das estratégias de significação nas afasias não-fluentes, ao longo dos processos dialógicos. A fim de corroborar a hipótese de que o conjunto de sinais e/ou sintomas presentes na fala afásica não correspondem diretamente a perdas do conhecimento gramatical pelo impacto de sub-componentes específicos da língua, as alterações nos processos fásicos são analisados a partir de uma reflexão teórico-epistemológica acerca da relação entre pensamento e linguagem, desenvolvida tanto na Linguística Moderna quanto na Neuropsicologia Soviética, momento em que se articulam com maior ênfase os paradigmas da Neurolinguística Enunciativo-Discursiva e da Gramática Discursivo-Funcional.

Palavras-chave: Afasia não fluente; Gramática comparada e geral - Ordem das palavras; Distúrbios da fala; Neurolinguística; Funcionalismo (Linguística)

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