Resumo

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Vozes ativistas sobre questões indígenas em plataformas de mídia social : potencialidades revolucionárias?

Katia Sayuri Fujisawa

Orientador(a): Roxane Helena Rodrigues Rojo

Doutorado em Linguística Aplicada - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - F955v


Resumo:
De 2019 a 2022, um presidente contrário aos direitos constitucionais dos povos indígenas governou o Brasil. Nesse governo, predominaram interesses de classes dominantes, especialmente, interesses minerário e do agronegócio, componentes do sistema-mundo capitalista/patriarcal ocidente-cêntrico moderno/colonial. Tais interesses opõem-se aos diferentes modos de vida dos povos indígenas que passaram a ter as terras, sob seu usufruto, invadidas. Este trabalho, situado nesse contexto, propõe-se a verificar vozes sociais de forças centrípetas que são contrárias à pluralidade étnico-cultural das populações indígenas em enunciados do presidente brasileiro (2019-2022) e, em contrapartida, analisar enunciados publicados por ativistas indígenas, indigenistas e de parceiro da sociedade civil, em duas plataformas de mídia social, Facebook e Instagram, para verificar vozes sociais de forças centrífugas que possam desterritorializar subjetividades capitalísticas, para gerar potenciais revoluções moleculares. Isso porque, a diversidade pode colocar devires em movimento, desfazer estereótipos baseados em pureza e primitivismo relacionados aos indígenas e provocar processos de singularização que são mudanças nas subjetividades. Para tanto, o método de pesquisa utilizado é misto. Por meio da abordagem quantitativa foram encontradas as páginas do Facebook relacionadas às questões indígenas e, assim, escolhidas também as contas do Instagram para estudo. Dessas páginas e contas foram coletadas publicações em dois períodos de mobilização indígena, em janeiro e agosto de 2019. Por meio da abordagem qualitativa-interpretativista, utilizando as teorias de Deleuze e Guattari e do Círculo de Bakhtin, os enunciados foram analisados. A análise dos dados mostrou que as vozes sociais presentes nos enunciados do presidente eram bastante reacionárias e preconceituosas e reduziam a pluralidade indígena a estereótipos. Diferentemente, as vozes sociais movimentadas pelos ativistas podem ser compreendidas de duas maneiras: como reforços de paradigmas dominantes que veem os povos indígenas como vítimas históricas ou como populações exóticas e como possibilidades de desencadear processos de singularização por visibilizar uma pluralidade com sistemas de valorização diversos, diferentes dos dominantes. Ao fortalecer a diversidade, descolando das subjetividades capitalísticas, há a possibilidade de gerar revoluções moleculares, que dependem de investimentos inconscientes revolucionários, para a construção de novas solidariedades e transformações sociais mais profundas. Importa enfatizar que as plataformas de mídias sociais, por seus algoritmos, fazem os usuários não terem acesso a diferentes pontos de vista, de maneira que não só na Web deve-se propagar enunciações indígenas, mas em espaços diversos. Logo, é necessário que se faça circular enunciados indígenas, do seu ativismo, mas também de suas artes (artes plásticas e literárias, por exemplo) para expor suas diferentes cosmovisões, para que novos sistemas de valorização possam emergir e construir outras alternativas que contrariem o sistema-mundo dominante.

Palavras-chave: Povos indígenas - Brasil; Ativistas indígenas; Povos indígenas – Aspectos políticos; Indígenas da América do Sul - Brasil; Internet e ativismo; Mídia social; Pluralismo cultural

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