Resumo: O objetivo desta tese é analisar a formação literária do imperador Pedro II e o papel que a leitura e o estudo ocuparam em sua vida adulta, de modo a colaborar para as pesquisas sobre a História da Leitura e a História da Educação. O corpus analisado é composto por duas obras sobre a educação de meninos nobres portugueses, intituladas Apontamentos para a Educação de um Menino Nobre (1734) e Breve Desenho da Educação de um Menino Nobre (1781) e escritas, respectivamente, por Martinho de Mendonça Pina e de Proença e por Joseph Caetano Brandão; pelas 16 cartas sobre a educação pública portuguesa publicadas por Luis Antonio Verney em 1746, sob o título Verdadeiro Método de Estudar, e por documentos escritos por Pedro II e que fazem parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis, entre os quais estão cinco cadernos com anotações relacionadas ao estudo de línguas estrangeiras e de literatura, 1731 cartas trocadas entre ele e a sua filha mais velha, a princesa Isabel, e 390 missivas trocadas entre o monarca e 17 intelectuais nacionais e estrangeiros com os quais ele se correspondeu entre 1851 e 1889. A análise teve como objetivo investigar três pontos principais: quais foram os métodos que guiaram o ensino de crianças em cortes europeias e em escolas públicas entre os séculos XVII e XIX; qual foi o contexto em que ocorreu a educação literária de Pedro II e de que maneira os conteúdos e métodos de estudo que fizeram parte de sua infância influenciaram suas práticas de leitura na vida adulta. Conclui-se que a educação do imperador foi realizada com base tanto em elementos tradicionais na educação da nobreza quanto em aspectos próprios da educação pública burguesa e que o seu aprendizado sobre literatura influenciou as práticas de leitura e de estudo que ele manteve ao longo da vida e que foram registradas em seus documentos pessoais.

Palavras-chave: Pedro II, Imperador do Brasil, 1825-1891; Leitura; Literatura; Educação; Século XIX