Resumo

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Destinações da filosofia : as quase-poesias de Vilém Flusser entre parênt(es)es e esperas

Gabriel Salvi Philipson

Orientador(a): Márcio Orlando Seligmann-Silva

Doutorado em Teoria e História Literária - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - P539d


Resumo:
Esta tese descreve uma trajetória que vai de uma análise dos fluxos desejantes dos textos curtos de Flusser à proposição de uma filosofia descolonial da técnica. Ela realizou uma leitura literária (e não retórica) da filosofia interessada no fluxo desejante do texto. Leu os textos pelas entrelinhas, friccionando-os em seus espaços em branco, atravessando-os e recortando-os por entre parágrafos, seções e sinais gráficos, inserindo e fazendo vibrar próteses em busca de seus não-ditos e silêncios. A tese consistiu em dizer que Flusser, seu corpus, a filosofia do exílio flusseriana, opera de maneira paidêutica entre a descolonialidade e a filosofia da técnica, apontando para sua (des)operação mútua. Embora Flusser não use o termo descolonial e talvez até se ressentisse de seu uso, isso significa que os mecanismos e conteúdos da filosofia do exílio de Flusser – como destinação e destinerração, a variação de pontos de vista e a desprogramação dos programas do aparato que considera o lugar como uma mídia a ser desenraizada a cada vez por conformar e limitar o pensamento – apontam para a possibilidade de encontrar soluções para um desafiante confronto desprogramatizante da filosofia da técnica e da prática da descolonialidade uma pela outra. Esta tese quer justamente colocar em jogo e levar às últimas consequências o Flusser dos brasilianistas, o Flusser “engajado” na cultura brasileira, mas também o Flusser que tem as cidades como conceito-índice nodal de seu pensamento, o Flusser que pensa sobre o nomadismo, sobre a situação ou condição material-midiática-(local) do pensamento, e o Flusser que pensa a técnica, a tecnicoimagem, as mídias, a comunicação, os gestos. Em vez de separar esses Flussers já consolidados nos estudos flusserianos, era preciso fazer comum com o outro, (des)programando um pelo outro. E isso fez com que encontrássemos ainda outro Flusser, talvez ainda mais “visionário”, contemporâneo, ou extemporâneo, um Flusser que a gente pode destinerrar e (des)operar como totem para uma filosofia vindoura, para uma filosofia descolonial da técnica. Esta tese quer figurar, assim, como uma contribuição para a elaboração de uma crítica descolonial e antirracista das práticas filosóficas nestas terras. Não faz isso elegendo Flusser como modelo dessa crítica, mas por três vias: a) a diacrônica, em que analisa sua obra e a compara historicamente, com suas limitações, imperfeições, horizontes de expectativa e (im)possibilidades; b) percebendo em sua prática filosófica elementos não realizados que ficaram perdidos na história e que podem contribuir hoje para o exercício dessa crítica descolonial antirracista; e c) a sincrônica, que atravessa esse corpus pelas demandas e urgências do presente.

Palavras-chave: Descolonização; Technê (Filosofia); Literatura - Filosofia

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