Resumo

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"Ainda não entendo nada e por isso é muito difícil, mas vale a pena, eu acho" :

Bruna Elisa Frazatto

Orientador(a): Ana Cecília Cossi Bizon

Doutorado em Linguística Aplicada - 2023

Nro. chamada: TESE DIGITAL - F869a


Resumo:
Com a globalização hegemônica, a internacionalização do ensino superior promovida em diferentes países, inclusive naqueles do Sul Global, passou a reproduzir de forma mais intensa e menos opaca certas dinâmicas da modernidade/colonialidade e do neoliberalismo. Considerando a historicidade do processo de internacionalização no Brasil, mesmo as universidades brasileiras e seus projetos de internacionalização passaram a incorporar traços dessas racionalidades em seus discursos, currículos, documentos e direções de mobilidade. Um componente basal da internacionalização é a mobilidade estudantil, principalmente pelo caráter quantitativo que adquiriu ao conferir status às universidades. Dessa forma, não é raro que experiências de estudantes em mobilidade, frequentemente vistos como um grupo homogêneo, sigam invisibilizadas. Há também poucas pesquisas sobre os impactos das políticas das universidades que os recebem ao longo da experiência de estudo internacional. Na contramão das espacialidades de conhecimento hegemônicas, chamam a atenção alguns agrupamentos internacionais e convênios entre universidades estrangeiras e brasileiras que operam contribuindo para a produção de outras espacialidades, portanto, transformando o Brasil e outros países onde o português é língua oficial em desejados destinos de mobilidade estudantil, principalmente para o aprendizado de português como língua adicional (PLA). Tal é a situação da Universidade Estadual de Campinas, para onde estudantes de graduação da China, da Coreia do Sul e do Japão viajam. O contexto estudado ilumina a importância das políticas linguísticas educacionais (PLEds), principalmente aquelas voltadas ao aprendizado de PLA. Dado que pessoas e comunidades afetam e são afetadas pelos espaços onde habitam, parto de uma perspectiva da ética e da diferença para refletir sobre o que denomino “políticas de inserção”, nas quais incluo as políticas linguísticas. Os objetivos gerais da pesquisa foram (i) descrever e discutir as políticas de inserção voltadas aos estudantes intercambistas mencionados e, ao investigar as políticas de inserção (não) postas em operação pela universidade, (ii) discutir o impacto dessas políticas na experiência dos estudantes. Fazem parte do corpus da pesquisa, interpretativista e de base etnográfica, conversas audio/videogravadas com estudantes e professoras de PLA, além de documentos, conversas informais e notas de campo. Concebendo as narrativas como práticas semióticas nas quais evento narrado e evento de narrar se complementam, analiso como os participantes, por meio de projetos escalares e das pistas indexicais em suas narrativas, (i) narram suas experiências de (i)mobilidade a partir das políticas de inserção empreendidas pela instituição e (ii) se posicionam, no caso dos estudantes, sobre suas experiências de ensino-aprendizagem de português na instituição; no caso das professoras, sobre o aprendizado de português desses intercambistas. A análise evidencia como (i) a universidade não tem em conta políticas de inserção que priorizem a ética e a diferença; (ii) os intercambistas, por vezes, se sentem responsáveis pela sua própria inserção durante a mobilidade estudantil; (iii) as oportunidades de socialização dentro e fora da sala de aula de PLA impactam como intercambistas veem e valorizam seus processos de aprendizagem de português e (iv) a formação de professor e o envolvimento da universidade são essenciais para o a reformulação das PLEds existentes e criação de novas PLEds

Palavras-chave: Intercâmbio acadêmico internacional; Política linguística; Ensino superior; Estudantes asiáticos; Colonialidade; Língua portuguesa - Estudo e Ensino - Falantes estrangeiros

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