Resumo: O presente projeto tem como propósito pensar a arte pós-colonial como estratégia de combate ao racismo, considerando-a inserida num contexto de revisão das versões colonialistas cujos discursos ainda reverberam práticas de racismo. Para tal, toma como corpus duas performances de Grada Kilomba: llusions Vol. I, Narcissus and Echo (2017), presente na exposição Desobediências Poéticas, e Memórias da plantação, disponível na plataforma Youtube; somado às performances, fragmentos do livro Memórias da Plantação: episódios de racismo contemporâneo (2008), da mesma autora, ajudam a compor o corpus. O objetivo é ler nesses materiais elementos de subjetividade, de memórias pessoais, de relatos e discursos pessoais, permeados na construção do discurso antirracista da artista. A pesquisa se desdobra em dois momentos: no primeiro, investiga a composição do gênero performance, sua linguagem híbrida, tecnológica e as relações intermidiáticas como, corpo e voz e vídeo, e como essa linguagem conserva a poeticidade das narrativas orais; no segundo, busca perceber como essas narrativas se dispersam e se difundem num processo de resistência aos moldes de uma diáspora, valendo-se de recursos digitais, marca de nosso tempo. Dessa forma, ao explorar aspectos artísticos, culturais e memorialísticos, a dissertação se propõe a compreender como essas performances, a priori restritas aos espaços de cultura (museus, bienais), têm a contribuir para fomentar novas práticas de ensino de leitura crítica, educar o olhar para a percepção de uma realidade marcada por práticas de inferiorização racial e pensar os compromissos da arte decolonial, de seu artista, e dos espaços de arte na direção de uma política antirracista.

Palavras-chave: Performance (Arte); Comunicação de massa; Colonialismo; Letramento