Resumo: O presente estudo busca realizar uma incursão, a partir de um ponto de vista poético, ao universo de imagens e mensagens repleto de signos, significados e significantes que povoam os mais diferentes ambientes públicos urbanos, além de indicar possíveis formulações de caminhos que possibilitem a ampliação de pesquisas sobre o tema poesia urbana. Esses caminhos implicam na observação e na interpretação permanente dos aqui denominados Cacos Poéticos Urbanos, cuja sigla é CPUs, e suas diferentes formas e formatos, tais como de ruídos em mensagens, palavras rasuradas, resíduos de mensagens, lixo afixado, placas e cartazes rasgados, riscados ou danificados de alguma forma pela simples marca do tempo ou pela ação, muitas vezes, inconsciente, do homem. Essa definição de CPUs ocorre em torno da tipificação do aqui classificado como “Hiperconcretismo Poético”. Não se trata de pesquisar a poesia visual feita de forma consciente pelas pessoas, como em intervenções artísticas programadas. O que se busca catalogar e propor é uma investigação centrada naquelas mensagens que falharam e se tornaram ruídos de coisas dissonantes nas paisagens urbanas. São mensagens distorcidas que permeiam os indivíduos nas ruas, nas praças, postes, placas, muros, prédios, cartazes, esculturas públicas, bustos, estátuas, jardins e nos demais objetos em meios de convivência de qualquer grande metrópole. O Hiperconcretismo é proposto para definir CPUs porque estes radicalizam o experimentalismo poético trazido pelo Concretismo. O Hiperconcretismo extrematiza a ruptura com o verso e rompe o caráter ‘tradicional’ da poesia ao se lançar na selva de aleatoriedades de mensagens desfiguradas nas ruas. O que se busca são imagens urbanas de uma poética dos ready-mades a céu aberto. O Hiperconcretismo é caracterizado pela mutação constante, aleatoriedade, urbanidade, ruído, mancha, falha, lógica de consumo e/ou de autoexposição individual, em contraposição ao lugar pré-concebido, é visualmente composto por sobreposições e, por estar exposto nas ruas, se deturpa a partir da ação do homem e/ou do tempo e de suas intempéries naturais, tais como vento, sol, chuva, tempestades e variações de temperatura. Ao final deste texto, apresenta-se uma proposta de primeira versão do Manifesto Hiperconcretista.

Palavras-chave: Poesia; Imagens; Urbanidade; Ready-mades (Arte); Arte concreta