Resumo

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Um estudo cartográfico da posição de soldagem das orações adverbiais centrais

Wellington Michel Souza de Paula

Orientador(a): Aquiles Tescari Neto

Mestrado em Linguística - 2022

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - So89e


Resumo:
Assumindo a metodologia da Cartografia Sintática, esta dissertação se volta para as orações adverbiais centrais do português brasileiro (PB), da tipologia de Haegeman (2012), com o objetivo de estabelecer um lugar de soldagem para elas na sequência funcional (f-seq). Haegeman (2012) faz uma importante divisão tipológica entre dois tipos de orações adverbiais, sendo uma delas, as central adverbial clauses – as ‘centrais’ (CACs) –, modificadoras do evento da oração principal à qual se relacionam. Para captar essa relação, a autora propõe testes de escopo cujos resultados sugerem que as CACs devam figurar internas ao TP, no domínio de VP. Autores de outras línguas atestam essa hipótese (Lobo, 2013; Frey, 2020; Yip, 2020). De um ponto de vista cartográfico, no entanto, consideramos importante implementar essa análise propondo uma visão mais detalhada do lugar de soldagem dessas orações. Dados do PB apontam para um paralelismo entre CACs e sintagmas preposicionais (PPs), propriedade já indicada por gramáticos tradicionais brasileiros. O expediente da coocorrência indica a impossibilidade de um PP e uma CAC com a mesma categoria semântica ocorrerem na mesma sentença, modificando o evento da mesma oração. No espírito de Kayne (2005), tendo como base o princípio One Feature One Head (OFOH), esse resultado aponta, então, para a hipótese de que CACs e PPs são diferentes formas de realização da mesma projeção funcional, devendo, portanto, serem soldados na mesma posição da f-seq. Nesse sentido, argumentamos que o lugar de soldagem das CACs deva ser o Spec das projeções circunstanciais, na projeção estendida de VP, seguindo a mesma posição e ordem de base proposta por Schweikert (2005) e Cinque (2006). O expediente da coordenação é um primeiro indício desse paralelismo, uma vez que as coocorrências entre CACs e PPs julgadas agramaticais adquirem boa formação quando coordenadas. Ademais, recorremos a propriedades estruturais para argumentar em favor de nossa hipótese, tanto da posição de soldagem quanto da ordem de base. Dentre elas, a posição do advérbio focalizador ‘só’ em PB (Tescari Neto, 2017), que consegue tomar sob escopo as CACs na projeção de Spec CircP – uma das propriedades apontadas por Haegeman (2012); a possibilidade de valoração/checagem do traço de foco das CACs em posição pós-verbal na periferia baixa da oração (Belletti, 2004), o que garante uma economia computacional e ainda dá conta do controno entoacional que essas orações recebem nessa posição; a posição da CAC movida que parece ser ocupada por um vestígio que bloqueia a inserção de outros constituintes na mesma posição, mas não impede que outros sejam inseridos se respeitada a ordem de base. Com base nessas discussões, reforço, então, a minha hipótese de que CACs devam entrar na derivação seguindo uma ordem de base e sendo soldados no Spec CircP de cada projeção funcional correspondente (isto é, tempo, causa, local, modo, etc).

Palavras-chave: Gramática comparada e geral; Gramática comparada e geral - Advérbio; Gramatica comparada e geral – Preposições; Gramática comparada e geral - Sintaxe

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