Resumo: O presente trabalho procurou investigar de que forma a ressemiotização do percurso da violência contra mulher, desde o fato criminoso em si, perpassando pelo relato da vítima e pela intermediação da figura da escrivã, até o registro no documento policial oficial acentua ou não o caráter violento dos atos praticados. Objetivou-se, assim, estudar a violência semiótica contra as mulheres perpetrada em redes sociais online, analisando, para tanto, casos reais, registrados no sistema da Polícia Civil, isto é, em Boletins de Ocorrência de uma Delegacia de Defesa da Mulher do interior paulista. A análise envolveu precipuamente ocorrências dos intitulados crimes contra a honra, cometidos nas redes sociais utilizadas pelas vítimas, acentuados, por vezes, pelas funcionalidades audiovisuais das referidas mídias sociais. Utilizou-se, para tanto, método qualitativo, baseado no olhar individualizado de cada B.O. selecionado, não se tendo lançado mão de recurso a softwares de análises, em função de o corpus ter sido reduzido. Os resultados mostraram que os recursos e ferramentas das redes sociais são aptos a acentuar a força da violência verbal e visual praticada contra mulheres, e, tanto mais a escrivã detenha o domínio sobre a linguagem e os mecanismos de funcionamento da rede social, além de empatia com a situação concreta, tanto maior será a possibilidade de conseguir redigir o B.O. com verossimilhança à realidade, descrevendo a violência sofrida pelas vítimas.
Palavras-chave: Violência - Semiótica; Violência contra a mulher; Redes sociais on-line; Registros criminais