Resumo: O objetivo desta tese é analisar as manifestações discursivas de sujeitos que passaram por situações em que o deslocamento era questão de sobrevivência, observando regularidades e dispersões que possam surgir a partir delas. Parte-se da hipótese de que as formas de nomear o humano em situação de refúgio (re)(a)presentam a não fixidez de significantes que buscam categorizar experiências e representações de identidade. A partir de dois corpora – um formado por refugiados (Haiti, Venezuela, Moçambique, Síria e Brasil) e outro por deslocados internos (Brumadinho) –, produzidos a partir de dez entrevistas semiestruturadas, em formato de áudio e seguindo as diretrizes do Comitê de Ética em Pesquisa em Ciências Humanas da Unicamp (CEP-CH/Unicamp), selecionamos 46 recortes, organizados em três capítulos-eixos de pesquisa. Inseridos na perspectiva teórico-metodológica discursivo-desconstrutiva, os resultados de análise desses recortes não só questionam a pretensa fixidez das categorias de migração, como também apontam que os processos de nomeação relativos à migração se dão como acontecimentos discursivos, evidenciando um ideal inalcançável de humano que embasa as representações de quem ou o que é estrangeiro e denunciando o caráter ficcional da cidadania. Pudemos observar que o contato com as implicações subjetivas dos participantes em seus processos de deslocamento rasga as malhas dos discursos que tentam normatizar, categorizar e limitar a experiência humana.
Palavras-chave: Migração; Análise do discurso; Nomeação; Psicanálise