Resumo: O presente trabalho é um estudo da figura lendária do personagem Don Juan na literatura mundial. Em cerca de 1620, surge a primeira aparição do mito, com a comédia espanhola El burlador de Sevilla y el convidado de piedra, atribuída a Tirso de Molina. Desde então, esse mito vem sendo recontado de geração em geração, em todo o mundo, cada autor ressaltando uma qualidade ou um defeito. Iremos analisar a peça do autor português António Patrício (1878-1930), Dom João e a Máscara, de 1924, identificando os motivos que fazem com que ela quebre com a tradição e seu protagonista se difira de todos os outros. Para realizar uma análise crítica, faremos um estudo comparado entre a obra de Patrício e a peça Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, de 2005, de Saramago, em que o autor reconta a lenda de Don Juan em chave cômica. Iremos estabelecer as devidas relações entre o teatro de António Patrício e o contexto histórico-literário da sua produção, para compreender os componentes específicos da peça em questão, isto é, as escolhas do dramaturgo, bem como a preferência dada à aura trágica que envolve o seu protagonista, contribuindo para a ampliação da fortuna crítica de António Patrício – autor habitualmente vinculado ao Simbolismo português –, que, sobretudo no Brasil, ainda é diminuta. O que podemos concluir é que, durante esses mais de trezentos anos, os valores e as crenças que fizeram com que o primeiro D. Juan nascesse se modificaram substancialmente.
Palavras-chave: Teatro português; Literatura portuguesa; Don Juan (Personagem lendário) na literatura