Resumo: Para entender as identidades multimodais no jornalismo científico, meu trabalho analisa como diversos modos semióticos (JEWITT, 2016) atuam em conjunto para a construção de significados neste tipo de discurso. Para tal reflexão, minha pesquisa se debruça, em uma análise qualitativa e comparativa, sobre matérias jornalísticas relacionadas à pandemia da Covid-19 e que foram publicadas nos portais de três universidades públicas brasileiras: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Uma vez que as notícias deste campo jornalístico são compostas por textos escritos, tipografia, imagens, cores e outros modos semióticos, há a necessidade de um estudo que se dedique a observar tal fenômeno. Meu trabalho está pautado na Sociossemiótica (KRESS; HODGE, 1988) e na Teoria da Multimodalidade (KRESS: 2010, 2016). Analisei os modos semióticos escrita, imagem, tipografia, cor e leiaute, além das categorias de análise propostas pela Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006), em 24 matérias jornalísticas publicadas nos três portais escolhidos nos meses de agosto de 2020 e de 2021. Uma vez que os atos comunicativos podem ser compreendidos de acordo com os signos que as pessoas produzem socialmente, investiguei o que os jornalistas especializados na redação de matérias sobre ciência dentro das universidades levavam em conta quando optavam por certos modos semióticos. Também observei se os discursos de jornalismo científico seguiam padrões de composição. Essa pesquisa mostrou que as universidades públicas, maiores produtoras de ciência no Brasil, devem se preocupar em como divulgam ciência, visto que elas têm a função de democratizar o conhecimento por meio da inclusão da sociedade nos processos de sua produção e de desenvolvimento tecnológico. Acredito, ainda, que os resultados obtidos nesta pesquisa poderão servir como ferramenta de aprimoramento do processo de produção jornalística.
Palavras-chave: Multimodalidade (Linguística); Jornalismo científico; Sociossemiótica; Divulgação científica; Pandemia; COVID-19