Resumo

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O discurso da telenovela sobre a diferença : corpo, sujeito e sentidos em Viver a Vida

Thaís Ribeiro Alencar

Orientador(a): Marta Mourão Kanashiro

Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2022

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - Al25d


Resumo:
Fundamentado no dispositivo teórico-metodológico da Análise de Discurso materialista, este trabalho busca compreender o processo discursivo sobre a diferença pela maneira como um corpo de uma mulher é olhado e cuja significação recai sobre uma personagem de telenovela. Para tanto, toma-se como objeto de análise o discurso da telenovela Viver a Vida, escrita por Manoel Carlos, produzida e veiculada pela Rede Globo de televisão entre os anos de 2009 e 2010. Detenho-me especificamente na trajetória da personagem Luciana, interpretada pela atriz Alinne Moraes. A construção discursiva dessa personagem e sua trajetória na trama constituem um processo de significação da diferença. A princípio, Luciana é apresentada como uma mulher jovem, bonita e cujo maior sonho é alcançar o sucesso na carreira de modelo. No entanto, um acidente automobilístico muda a vida da personagem após receber o diagnóstico de tetraplegia, como resultado de uma lesão cervical. Encarando o corpo, em conjunto com Hashiguti (2008), em sua espessura material significante, e o olhar enquanto um gesto interpretativo, explicito o processo discursivo da telenovela sempre na relação com o modo como o corpo da personagem Luciana é mostrado na tela e significado pelos demais personagens. A diferença dos olhares discursivos para seu corpo, depois do acidente que resulta na perda dos movimentos, permite explicitar um discurso sobre a diferença que se estabelece na telenovela. Considerando a mídia em seu lugar de poder, tomo a telenovela enquanto um objeto simbólico que produz sentidos (ORLANDI, 2003) e regulariza uma versão possível (MEDEIROS, 2014). A partir disso, questiona-se: que versão se constrói para a mulher com o corpo diferente a partir da maneira que a personagem é construída e significada? Que sentidos são atribuídos ao corpo da personagem antes e depois do acidente? Será possível entrever nesse movimento a atualização dos sentidos de deficiência que se constituíram na história? A trajetória de Luciana ainda permite observar como a cadeira de rodas interfere no processo de significação do corpo e, consequentemente, do próprio sujeito, e como o efeito de superação se constrói e significa um sujeito que tem no corpo um traço de diferença. Tal discurso se constitui por aquilo que se mostra e por aquilo que se apaga. Pelo dito e o não-dito. Um processo discursivo que se fundamenta no funcionamento da memória, no confronto do simbólico com o político, e da metáfora. Um movimento que abre uma discussão para a inclusão social, tão falada em nossa conjuntura, além de expor a manutenção dos sentidos atribuídos a sujeitos que foram historicamente silenciados e cujos corpos foram apagados. A personagem Luciana, portanto, encarna um discurso produzido em uma conjuntura que não suporta olhar para a diferença a partir do momento que precisa acolhê-la.

Palavras-chave: Análise de discurso; Mulheres; Telenovelas; Corpo humano; Deficiência física

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