Resumo

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A espacialidade do reino na representação identitária da dominatrix Rainha Frágil em narrativas de memória publicadas na internet

Pamella Opsfelder de Almeida

Orientador(a): Daniela Palma

Mestrado em Linguística Aplicada - 2022

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - AL64e


Resumo:
Esta dissertação propõe-se a investigar as narrativas de memória da dominatrix Rainha Frágil, também conhecida como E. A., de maneira a compreender como a espacialidade do reino influencia na representação de sua identidade enquanto mulher que assume o papel dominante nos jogos eróticos de BDSM (Bondage, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo). Para isso, mobilizam-se como corpus de pesquisa as textualidades verbais e não-verbais publicadas nos sites e blogs da Internet criados pela dominadora Rainha Frágil durante os anos de 2001 a 2021. Para a interpretação dessas textualidades, esta pesquisa fundamenta-se nas articulações teóricas de Arfuch (2010, 2018) e Lejeune (2008) a respeito das narrativas autobiográficas, nas concepções de Benveniste (1976) de espacialidade como constituída na e pela enunciação e nas noções de performatividade desenvolvidas por Austin (1990). Estruturando os textos da dominadora por meio das ferramentas metodológicas de eixos de coordenadas (LEJEUNE, 2008) e de topônimos (RAMOS, 2009), a análise do corpus consiste na identificação das ocorrências do topônimo reino nas narrativas de memória de E. A. segundo um eixo cronológico e na compreensão dos sentidos que se constroem sobre essa espacialidade. Examinam-se, assim, as múltiplas facetas assumidas pela espacialidade do reino nas narrativas de memória da dominadora, de forma a sustentar que essa espacialidade não se restringe a espaços físicos como o da casa, expandido-se também a espaços virtuais como sites e blogs, além de espaços metafóricos e imaginários que perpassam a projeção lúdica. Compreende-se, desse modo, que a espacialidade do reino encontra-se em uma trincheira entre os espaços público e privado, uma vez que ao mesmo tempo em que usufrui das possibilidades do espaço privado, permitindo que a dominatrix desafie o papel a ela imposto pela lógica patriarcal, a espacialidade do Frágil Reino se torna pública a partir do momento em que é constituída pelas textualidades dos sites e blogs publicados na Internet. Verifica-se, dessa forma, que a espacialidade do reino é fundamental para a representação da identidade de E. A. como dominatrix e para sua performance como Rainha Frágil, uma vez que permite que a dominadora subverta as relações tradicionais de poder entre mulheres e homens. Nesse sentido, ao criar por meio do discurso seu Frágil Reino, a dominatrix produz performaticamente um espaço em que o poder recai sobre mãos femininas, restando aos corpos masculinos apenas obedecê-las.

Palavras-chave: Narrativas pessoais; Espaço; Sexualidade; Identidade; Internet

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