Resumo: O presente trabalho tem como objetivo observar o funcionamento textual-discursivo da Agência Patrícia Galvão (AGPG) de forma a compreender parte de sua atuação política em relação aos direitos das mulheres. Para tanto, analisamos a centração e a organicidade tópica de 21 reportagens divulgadas pela agência entre os meses de novembro e dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Para selecionar as reportagens, fizemos um primeiro levantamento de todos os textos divulgados na agência nesse período, totalizando 179. Em seguida, selecionamos os textos com base em alguns fatores importantes, como a categoria (conforme a divisão feita pela própria agência) e o gênero textual. Essa pesquisa é importante porque ainda há poucos estudos que tenham enfocado a questão temática de uma agência de notícias como a AGPG. Além disso, esse estudo pode levar a uma melhor compreensão do papel político fundamental desempenhado por essa agência de notícias, já que seu foco é a defesa dos direitos das mulheres por meio do monitoramento e da divulgação de textos jornalísticos da grande mídia que tenham incorporado algum tipo de visão sobre questões de gênero. As principais perguntas que pretendemos responder são: a) Quais temas são colocados em foco quando se tem uma mídia cujo interesse principal são os direitos da mulher na sociedade brasileira? b) Como esses temas são apresentados quando colocados em destaque? O tópico discursivo (JUBRAN, 2006) como conceito teórico básico para a análise das reportagens permitiu fazer um levantamento qualificado dos conteúdos relevantes para essa mídia, que tem o objetivo de influir positivamente na consolidação dos direitos das mulheres. As análises também buscam articular a perspectiva textual sobre os tópicos discursivos com a perspectiva da teoria da prática de Bourdieu (1989), com especial atenção à noção de ideias-força postulada pelo autor. Nossa hipótese, de que o principal tópico discursivo trabalhado pela agência era o da violência contra a mulher, confirmou-se com as análises desenvolvidas, sendo que essa violência, performatizada por diferentes atores sociais, foi enfocada em quase metade das reportagens observadas. As análises também revelaram um certo distanciamento dos textos em relação ao movimento feminista, especialmente em função do tratamento dado à categoria “mulher”, que aparece como uma categoria universal nos textos analisados, sem que se leve em consideração perspectivas feministas interseccionais. Um outro exemplo da não assunção de perspectivas feministas interseccionais por parte da AGPG é o tratamento da liberal da categoria “Trabalho”, já que os problemas socioeconômicos e étnico-raciais relacionados às desigualdades de gênero não são tematizados ao longo das reportagens.

Palavras-chave: Agência Patrícia Galvão; Tópico Discursivo; Reportagens e repórteres; Direitos das mulheres