Resumo

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Memória da violência no Brasil : apagamentos e testemunhos

Alan Osmo

Orientador(a): Márcio Orlando Seligmann-Silva

Doutorado em Teoria e História Literária - 2022

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Os54m


Resumo:
Esta tese parte de uma indagação sobre a memória da violência no Brasil. Se a história do país é marcada pelo colonialismo, por genocídios e pela escravidão, proponho me debruçar sobre os processos de apagamento da violência cometida e de silenciamento das vítimas. Ou seja, ao invés de pretender compreender ou revelar fatos sobre o passado, indago sobre o esquecimento sistemático que paira em nossa sociedade e que permite com que esses assuntos incômodos fiquem escondidos. Além disso, a reflexão sobre a memória se dá a partir de testemunhos que buscaram inscrever a violência e se contrapor a uma versão da história que se pretende única, neutra e objetiva. Esta tese é constituída por um ensaio composto de quatro capítulos relativamente independentes entre si. No primeiro, a partir de experiências de caminhada por espaços que foram palcos de violência e que depois passaram por um processo de total desfiguração, proponho uma reflexão teórica sobre a memória e os processos de apagamento no Brasil, introduzindo a temática que atravessará a tese. No segundo capítulo, discuto o testemunho do xamã yanomami Davi Kopenawa presente no livro A queda do céu (2015), bem como a sua crítica à centralidade que a escrita alfabética ocupa no pensamento dos brancos. Proponho então pensar a escrita em sua dimensão paradoxal de phármakon: se há uma predominância de metáforas de escrita em diversas reflexões sobre a memória, é importante destacar suas limitações quando indagamos sobre que teoria da memória seria mais justa e apropriada, tanto do ponto de vista cultural, quanto ético, para se refletir sobre o Brasil. No terceiro capítulo, discuto ficção científica, apagamento e testemunho, a partir do filme Branco sai, preto fica (2014), de Adirley Queirós. A partir da indagação “sem provas, não há passado?”, reflito sobre episódios de violência cometidos por agentes de Estado que, devido à dificuldade de se produzir provas, raramente são reconhecidos como crime, de modo a produzir um esquecimento oficial sobre o passado. Por fim, no quarto capítulo, discuto a memória de dois episódios significativos da história do Brasil – a Guerra de Canudos (1896-1897) e o Massacre do Carandiru (1992) – a partir de duas obras artístico-literárias que buscaram testemunhar sobre a violência cometida: Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, e Diário de um detento (1997), dos Racionais MC’s. Nesses casos em que a esfera do direito tem sistematicamente falhado em julgar crimes cometidos por agentes de Estado, a arte e a literatura parecem ser convocadas a se posicionar diante da história para denunciar a violência que correria o risco de ser apagada.

Palavras-chave: Memória; Violência; Testemunho (Memória); Trauma psíquico; Brasil - História

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