Resumo: Esta dissertação tematiza o discurso da/sobre a militarização de escolas públicas no Brasil a partir da análise de três políticas educacionais empreendidas em lugares e tempos distintos, a saber: i) a fundação, em 1889, e os primeiros anos de funcionamento do Imperial Colégio Militar; ii) a criação, em 1998, e a expansão massiva, a partir de 2013, dos Colégios da Polícia Militar de Goiás; e iii) a criação, em 2019, e a implementação do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. Para a análise dessas três políticas educacionais, procedi a montagem de um arquivo de leitura diverso, que inclui documentos oficiais, leis, programas e outros materiais, a partir dos quais busquei compreender algumas regularidades e especificidades discursivas dessas políticas educacionais. Como entrada analítica no material do arquivo de leitura, olhei para a maneira como determinados valores apareciam mobilizados enquanto argumentos nas três políticas educacionais e como eles estabeleciam relações de sentido por meio de formulações iguais e diferentes ao longo da história. A análise mostrou uma certa regularidade na enunciação desses valores, como uma característica diferencial das escolas militares, militarizadas e cívico-militares, embora eles nem sempre são os mesmos em suas diferentes condições de produção. Nas políticas educacionais mais recentes, ainda, é possível ver um imbricamento de sentido entre a questão dos valores da instituição e a questão da qualidade educacional. Por meio das análises realizadas, essa pesquisa pretende contribuir ao oferecer subsídios teóricos-analíticos para uma melhor compreensão de um recorte específico da história da escolarização no Brasil no que concerne à militarização de escolas.
Palavras-chave: Análise do discurso; Discurso pedagógico; Educação militar