Resumo

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A formulação de um saber linguístico no Manual de Comunicação LGBTI+

Matheus da Silva Medeiros

Orientador(a): Ana Cecília Cossi Bizon

Mestrado em Linguística - 2022

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - M467f


Resumo:
Esta dissertação inscreve-se em uma posição discursiva no interior da História das Ideias Linguísticas e tem como objetivo a investigação de como se dá a formulação de um saber linguístico LGBTQIA+ no Manual de Comunicação LGBTI+, organizado por Toni Reis e publicado no ano de 2018. Nesse percurso, a partir do conceito de manualização (PUECH, 2018), desenvolvemos uma reflexão sobre o funcionamento do manual, compreendido nesta pesquisa como instrumento linguístico (AUROUX, 1992) e instrumento de metassaberes (ESTEVES, 2014). Essa perspectiva é justificada pela observação de que o Manual constitui saberes que são concomitantemente sobre a língua e sobre o mundo, a partir de uma dimensão normativo-pedagógica que tem efeitos sobre o modo como se organizam os saberes LGBTQIA+. Além disso, tendo em conta o propósito de compreender as condições de produção do material de análise, refletimos sobre a historicidade do discurso dos direitos humanos, sobre a consolidação do capitalismo neoliberal globalizado e seus impactos sobre a relação dos movimentos LGBTQIA+ com o Estado e com o Mercado, uma vez que organizações como a UNAIDS Brasil, relacionada às Nações Unidas e ao Banco Mundial, comparecem como um dos apoios institucionais à elaboração do Manual. Nesse processo, salientamos que a tensa e contraditória relação entre dominação e resistência é incontornável. Por fim, em um gesto de construção arquivística, desenvolvemos a análise do Manual de Comunicação LGBTI+, colocando-o ao lado de outros artefatos e materiais encontrados no ambiente digital, de maneira a mostrar que as “coisas-a-saber” (PÊCHEUX, 2006) constituídas nesse documento sempre poderiam ser organizadas de outra forma. Isso também nos permitiu contrastar as definições propostas para determinadas palavras com outras que também circulam, apontando para como os sentidos têm caráter provisório e estão sempre em movimento, apesar das tentativas de se obter um efeito de fechamento de sentidos e de precisão daquilo que se nomeia, o que Eni Orlandi chamou de “a equívoca busca pelo exato” (ORLANDI, 2017b). Ao final do texto, comentamos como uma perspectiva liberal do discurso dos direitos humanos, o discurso pedagógico e o discurso da normatividade linguística se entrelaçam na constituição desse saber linguístico LGBTQIA+; além disso, lançamos mão do conceito de “gramatização inclusiva”, aqui proposto, delimitando esse momento histórico no século XXI em que um conjunto de produções sobre a temática LGBTQIA+ começa a ser difundido a partir de instrumentos linguísticos como os manuais, e inscrevemos o Manual de Comunicação LGBTI+ no interior desse acontecimento.

Palavras-chave: História das ideias linguísticas; Análise do discurso; Linguagem e línguas; Gramática comparada e geral - Gramatização; Minorias sexuais e de gênero

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