Resumo

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Ser-estar longe de casa : experiências de (des)acolhimento de estudantes refugiados

Louise Hélène Pavan

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Mestrado em Linguística Aplicada - 2022

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - P288s


Resumo:
Inserida dentro do campo da Linguística Aplicada, esta pesquisa coloca em discussão a noção de acolhimento, estereótipo atrelado a uma construção identitária supostamente fixa e estável de Brasil e brasileiro. Para abordar essa questão, vinculamo-nos aos recentes debates sobre migração, com o intuito de investigar os diferentes sentidos que a noção de acolhimento adquire para refugiados estudantes do ensino superior brasileiro ao serem recebidos no Brasil, tanto por parte de instituições quanto pela sociedade civil. Para empreender tal discussão, ancoramo-nos na perspectiva teórico-filosófica discursivo- desconstrutiv(ist)a, cunhada por Coracini (2013, entre outros), que, apoiada nos estudos discursivos foucaultianos, filia-se à psicanálise lacaniana e à desconstrução derridiana em um movimento de reformulação constante de nossas (in)certezas. Com base nessa perspectiva, formulamos a hipótese de que, quando já em país de refúgio, as condições de hospitalidade oferecidas aos refugiados afetam as representações de si e do outro construídas por esses sujeitos. O corpus da pesquisa foi coletado oralmente por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com quatro estudantes refugiados do ensino superior instigados a falar sobre o processo de deslocamento e sobre suas vivências no Brasil. Compreendemos que, ao falar de suas trajetórias de refúgio, nossos participantes deixam escapar fragmentos constitutivos de si que nos permitem rastrear, na materialidade linguística, representações de si, do outro/Outro e do que consideram acolhimento. A análise levou-nos à comprovação de nossa hipótese, de forma que pudemos observar modificações nas representações construídas relacionadas à forma como se deu a recepção aos refugiados, bem como indícios de deslocamentos subjetivos que apontam para a errância dos sujeitos em situação de refúgio. Ademais, ao olharmos para os dizeres, também nos empenhamos em discutir o impensado do acolhimento que nos permitiu movimentar ligeiramente o estereótipo hospitaleiro do Brasil e do brasileiro a partir de uma construção de sentidos, centrada na fala de nossos participantes, que se materializou em atos (des)acolhedores.

Palavras-chave: Linguagem; Psicanálise; Análise do discurso; Refugiados; Acolhimento; Universidades e faculdades; Representação (Linguística)

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