Resumo

Versão para impressão
Voz e fantasia : reflexões arqueológicas e fantasmológicas entre biopolítica e psicanálise

Vanessa da Cunha Prado DAfonseca

Orientador(a): Lauro José Siqueira Baldini

Co-orientador(a): Chrisitan Ingo Lenz Dunker

Doutorado em Linguística - 2022

Nro. chamada: TESE DIGITAL - D131v


Resumo:
A partir de uma pergunta fundamental ao projeto Homo sacer, de Giorgio Agamben – sobre a forma e a topologia da incidência do poder sobre a vida –, busca-se suspender a hipótese psicanalítica de um paralelismo entre neuroses internas e neuroses externas. Argumenta-se que, em si, o paralelismo, para além do conteúdo individual e coletivo comparado, responde a uma temporalidade acrítica na relação entre história e subjetivação que seria alcançável pela crítica agambeniana. Especificamente, em questões sobre o trauma, a culpa, a repetição, a latência e a contingência, questões tradicionalmente articuladas à política por mitos, epopeias e tragédias. O ponto mínimo de tal articulação (????????), Agamben localiza na Voz como o mais tradicional mitologema antropogênico do ocidente. O ponto de divisa entre o homem e o animal fundado pelo manejo biopolítico e filosófico da Voz humana como articulada em letra, gramma, em oposição à voz in-articulada, não gramatizável, dos animais. Freud, contudo, relaciona a voz à fantasia, não ao mito. Daí a pergunta da tese: e se a voz não for mitologema, mas um “fantasilogema”, o que se transforma? Esse é ponto para uma leitura de Totem e tabu com Homo sacer em três movimentos: o de anotação da aproximação freudiana entre os termos tabu e sacer; o da suspensão da hipótese de um assassinato na origem a partir da topologia da dupla exceção constitutiva do homo sacer: nem assassinato, nem sacrifício; e, finalmente, da suspensão da consideração da culpa (e, então, de uma origem mítica para o superego) no contexto de sua matável insacrificabilidade. Para tanto, a fantasia é pensada junto à topologia do bando soberano, em que o encadeamento cronológico da frustração do desejo, do assassinato, da culpa e, então, do sacrifício e da obediência a posteriori – encadeamento presente em Freud, e na lógica do paralelismo – cede à consideração de uma temporalidade em dois tempos de exclusões seguidas de reinclusões daquilo que é do inumano na política, e de suas vozes (do pai e dos filhos primevos, dos deuses e dos animais). Outra antropogênese é então proposta com o Bloco mágico e a Negação em Freud. Arqueologicamente, a repetição do Além do princípio do prazer é pensada com o brincar, e com outra forma da voz, para uma imaginação política em que é possível prescindir do trauma mítico de uma origem violenta para o homem. Ao invés disso, o jogo entre o traumático e a latência cede campo ao recalque originário como linha de falha (insurgência mais do que repressão), assim como à temporalidade do a posteriori freudiano, entendida como a temporalidade própria do aparelho psíquico. A percepção, e não exclusivamente o trauma, porque constitutivamente apartada da ideia de um presente, passa a ser compreendida como já afim à temporalidade retroativa do a posteriori freudiano e, então, manejável no contexto da arqueologia agambeniana sem que se tenha de fazer recurso ao paralelismo implícito na analogia com a neurose traumática. Por fim, cede-se do trauma, da latência e do retorno do recalcado em favor da voz como espanto, thaumazein.

Palavras-chave: Psicanálise; Biopolítica

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.