Resumo:
O presente trabalho tem como tema o uso de tecnologias digitais em sala de aula, mais especificamente com relação ao uso do celular. Esta pesquisa foi motivada pelo uso cada vez mais frequente das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) nos ambientes escolares e, apesar disso, ainda existir, em alguns contextos, uma proibição com relação ao uso dos smartphones em sala de aula. Partindo de entrevistas feitas com professores do ensino médio da rede particular da região metropolitana de Campinas, buscamos analisar em seus discursos a presença e uso dos smartphones em sala de aula, observando como o discurso das Novas TICs significam as práticas pedagógicas. Buscamos também refletir em torno das leis (federal, estadual e municipal) e das normas institucionais que versam sobre a presença de tal aparelho em sala de aula, verificando se tais discursos jurídico-normativos funcionam na constituição dos sujeitos-professores, de modo a impedir ou incentivar as práticas docentes. Outro ponto que visamos foram as práticas de ensino adotadas em sala de aula. Verificamos se elas mudam com a presença dos celulares ou se os discursos que constituem a memória institucional a respeito do que seria escola e ensino interferiram nesse processo. Por fim, refletimos em torno dos conceitos de “nativo digital” e “imigrante digital” para mostrar que são conceitos muito restritivos, não abrangendo a multiplicidade de posições que os sujeitos podem ocupar na sociedade e na relação que esta estabelece com a tecnologia. Estas análises foram feitas tendo como base teórica e metodológica as teorias da Análise de Discurso de perspectiva materialista e a teoria dos Novos Letramentos. A primeira é importante porque traz a noção de sujeito constituído pelo discurso e pela ideologia, enquanto a segunda foi fundamental para compreendermos as mudanças pelas quais o ensino tem (ou deveria) ter passado com a presença das TICs em sala de aula. Trabalhar com tecnologias é bastante desafiador, visto que estão em constante mudança, assim desafiando, também, as diretrizes curriculares e a legislação que versa sobre o seu uso nas escolas.

Palavras-chave: Smartphones; Educação; Tecnologia; Análise do discurso; Novos letramentos