Resumo

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O projeto político-pedagógico-linguístico do trabalho com o campo jornalístico proposto no componente de língua portuguesa da base nacional comum curricular (6º a 9º ano)

Pedro Henrique de Oliveira Simões

Orientador(a): Márcia Rodrigues de Souza Mendonça

Mestrado em Linguística Aplicada - 2021

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - Si51p


Resumo:
Nesta dissertação, analisamos projeto político-pedagógico-linguístico do trabalho com o campo jornalístico proposto no Componente de Língua Portuguesa (CLP) da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos anos finais do Ensino Fundamental (6º a 9º ano). A BNCC foi produzida em contexto de crise política e econômica no país, instituindo-se numa transição de governos – do Governo Dilma Rousseff (2011-2016) para o Governo Michel Temer (2016-2018) –, que operaram diretamente sobre a elaboração do texto. Entendemos que a BNCC é, através do CLP, uma Política de Educação Linguística (PEL), cf. Bagno e Rangel (2005); e que, por isso, é uma força do Estado que incide sobre a pedagogia de língua (cf. SIMÕES, 2006; GERALDI, 2010, 1997a, 1997b, 1996) e letramentos (STREET, 2014; BUCKINGHAM, 2003; KELLNER; SHARE, 2005) instituída na cultura escolar (cf. JULIA, 2001; PETITAT, 1994). A fim de alcançar seus objetivos pedagógicos, o CLP da BNCC é composto por Campos de Atuação, dentre os quais se situa o Campo Jornalístico-Midiático (CJM), fundamentalmente centrado no texto jornalístico materialmente expresso em língua de prestígio (CAVALCANTI, 2013); e em letramentos midiáticos (BUCKINGHAM, 2003) sob a força do letramento único (STREET; STREET, J., 2014). Ao situarmos nosso objeto de pesquisa em torno do CJM entendemos que a BNCC relaciona este campo com a comunicação social instituída na esfera pública brasileira, marcada por oligopolização e contradições entre interesses públicos e privados (FONSECA, 2004). Diante disso, entendemos que as contradições da esfera pública e sua escolarização no seio normativo da escola e do ensino de Português (GERALDI, 2010) precisam ser criticamente problematizadas, no sentido de se denunciar possíveis movimentos reprodutores de desigualdades e injustiças. Adotando a perspectiva indisciplinar e crítica de Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006), interpretamos, no CLP-BNCC, o projeto político-pedagógico-linguístico do trabalho com o campo jornalístico para o ensino de Português. Usamos o método sociológico de análise (cf. VOLÓCHINOV, 2017), em diálogo com uma perspectiva ético-cultural de linguagem (BAKHTIN, 2015), mobilizando centralmente categorias éticas, políticas e ideológicas (BAKHTIN, 1997, 2010, 2016; VOLÓCHINOV, 2017; STREET, 2014; MILROY, 2011; SIMÕES, 2006). A interpretação dos dados leva-nos a alguns resultados, que apontam para a instituição de uma autonomia do texto jornalístico e dos letramentos midiáticos em relação a uma formação para participação social e desenvolvimento de cidadania; o debate superficial de Educação de Mídia; a manutenção do espírito pedagógico normativo de diálogo com a herança cultural-linguística em torno de língua de prestígio e letramento único; a pacificação da participação em letramentos da mídia jornalística na esfera pública. Assim, defendemos uma PEL, em torno do trabalho pedagógico com o campo jornalístico, de compromisso com o aluno, sua língua (seu discurso e ideologia) e seu lugar de comunicador social; o que envolve, a nosso ver, a definição de uma outra ética para o ensino de Português, e uma perspectiva de letramentos midiáticos críticos.

Palavras-chave: Política de educação linguística; Campo jornalístico; Componente de língua portuguesa; Base Nacional Comum Curricular

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