Resumo

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Pretéritos futuros : ditadura militar na literatura do século XXI

Lua Gill Da Cruz

Orientador(a): Márcio Orlando Seligmann-Silva

Doutorado em Teoria e História Literária - 2021

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C889p


Resumo:
Narrar um período histórico é contingente a questões políticas, sociais, históricas, culturais e temporais. Quando se trata das ditaduras do Cone Sul do século XX, em especial, a ditadura brasileira de 1964-1985, “o que foi” (ou o que é) ainda está sendo produzido. Esta tese volta-se, então, para a produção da literatura contemporânea brasileira, particularmente as narrativas literárias longas escritas após o ano 2000, com uma distância temporal de trinta e cinco anos ou mais das ditaduras do Brasil, principalmente, mas também do Cone Sul, em geral, e a sua relação formal, estética e temática com esses eventos. Essa literatura lida com as constantes tensões de um passado ainda não resolvido no presente, disputando e lembrando o que foi/é ora esquecido, ora diminuído, ou ainda negado. A fim de compreender essas tensões, este trabalho observa de que maneira a ditadura é contada na literatura contemporânea: como marca as vivências, os corpos e as escritas contemporâneos; de que forma se inscreve, muitas vezes espectralmente, após o ano 2000, e o que desvela (ou perpetua) do que ainda é negado e/ou silenciado. Menos como algo que passou, pertencente a outro tempo, a literatura mobiliza temporalidades coexistentes, em diálogo: situa a ditadura em contato com o tempo presente, como força do passado que ainda mobiliza e violenta e como discurso crítico que pode produzir e imaginar novos futuros. Interessam aqui particularmente as obras que se distanciam e que, dentro dos limites, contradições e anacronismos do seu próprio tempo, formalizam as diferentes temporalidades com as quais lidam. Nelas, o passado cobra um espaço, uma recuperação no presente e é construído como campo em disputa em que pesa, portanto, o que se lembra, mas também, principalmente, como se lembra e como se conta, bem como quando se lembra e quando se conta. Trata-se, então, de observar a relação entre diferentes temporalidades, em diálogo com os campos teóricos da memória, do trauma, da justiça de transição e das utopias nas obras A chave de casa (2007), de Tatiana Salem Levy; Ainda estou aqui (2015), de Marcelo Rubens Paiva; Antes do passado (2012) de Liniane Haag Brum; A resistência (2015), de Julián Fuks; Azul-corvo (2010), de Adriana Lisboa; Nem tudo é silêncio (2010), de Sonia Bischain; O amor dos homens avulsos (2016), de Victor Heringer; O corpo interminável (2019), de Claudia Lage; O fantasma de Luis Buñuel (2004), de Maria José Silveira; Outros cantos (2016), de Maria Valéria Rezende; a dita Trilogia infernal, de Micheliny Verunschk, composta pelos livros Aqui, no coração do inferno (2016), O peso do coração do homem (2017), e O amor, esse obstáculo (2018); Outros cantos (2016), de Maria Valéria Rezende; e Tupinilândia (2018), de Samir Machado de Machado.

Palavras-chave: Literatura brasileira contemporânea; Temporalidade; Escrita transgeracional; Justiça de transição; Utopias

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