Resumo: Este estudo teve o objetivo de analisar e sistematizar os processos comunicativos e a elaboração política sobre comunicação da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), no Brasil, como uma experiência do Comum, a fim de situar a comunicação dentro de um projeto político feminista, em diálogo com outras frentes de resistência e criação de alternativas. Isto foi feito a partir de uma pesquisa militante, nos marcos dos debates sobre pesquisa participante na América Latina. Parti da hipótese de que há um reducionismo que marca a discussão sobre comunicação no Brasil, mesmo entre os movimentos sociais e populares, e que compreender a comunicação como processo e como parte constitutiva – e não apenas de divulgação – das lutas coletivas pode ajudar a recuperar uma visão crítica acerca da temática, que hoje parece escamoteada. Para realização deste trabalho, utilizei as pesquisas bibliográfica e documental, observação participante, entrevistas semiestruturadas, questionário e grupo focal, relacionando bibliografias e reflexões sobre o Comum, a comunicação popular e o feminismo, tendo como foco o Coletivo de Comunicadoras da MMM, que surgiu em 2013, a partir do que foi chamado de Convergência de Comunicação dos Movimentos Sociais, criada durante o 9º Encontro Internacional da Marcha, realizado em São Paulo (SP) neste mesmo ano. Ao final, proponho uma sistematização da experiência do coletivo em quatro eixos que se relacionam com a perspectiva da política do Comum. Além disso, a pesquisa teve a construção de uma linha do tempo do coletivo como um de seus resultados.

Palavras-chave: Feminismo; Comum; Marcha Mundial das Mulheres; Comunicação popular; Pesquisa militante