Resumo

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A ruína à espreita : leituras do romance de 30

Franklin Farias Morais

Orientador(a): Alfredo Cesar Barbosa de Melo

Doutorado em Teoria e História Literária - 2021

Nro. chamada: TESE DIGITAL - M792r


Resumo:
Em análises que se pretendem cerradas (minuciosas), “A ruína à espreita” objetiva investigar livros de quatro — Jorge de Lima, Cornélio Penna, Lúcio Cardoso e Graciliano Ramos — dos principais autores do ciclo literário conhecido como “romance de 30”. Organizados em capítulos de cinco sessões, os estudos problematizam aspectos/dimensões especiais da narrativa, valendo-se sobretudo de paráfrases comentadas, indicações em relação à forma narrativa e/ou relações com questões de crítica e história literárias. A tônica teórica da investigação tende a priorizar aspectos literários e sociológicos, embora sempre aberta a questões de outras naturezas, inclusive biográficas, algumas das quais levadas (direta ou indiretamente) ao plano das discussões. O tema da decadência (dos ciclos econômicos e das iniciativas individuais) é processado junto à caracterização dos personagens e da disposição e andamento dos enredos — fundamentalmente no sentido de seus efeitos para a fatura das narrativas. A leitura de Calunga (1935) de Jorge de Lima comporta uma abordagem que gira em torno de uma dimensão sincrética, na incorporação de palavras e temas do repertório indígena, da linguagem literária. Os intentos modernizantes do narrador-protagonista misturam-se à sua própria origem miscigenada (cambembe), constituindo-se como eixo dramático de sua auto caracterização. A análise, entre outras coisas, mapeia esses movimentos relacionando-as ao andamento da narração e à forma narrativa. A análise de Fronteira (1935) de Cornélio Penna mira os procedimentos narrativos a estilizar uma linguagem literária próxima à uma “escrita de si”, que corrobora com uma narração em primeira pessoa a revelar os eventos em andamento. A tematização da mineração como fator de devastação da paisagem física torna-se motivo para a perscrutação subjetiva das personagens, da protagonista Maria Santa especialmente, elo afetivo do narrador. A relação entre os minérios/minerais do enredo e o conjunto de signos mineralógicos que se voltam à “análise” psicológica das subjetividades consuma-se, pois, como problema decisivo da leitura interpretativa. O capítulo sobre Maleita (1934), primeiro livro de Lúcio Cardoso, escrito em grande medida sob a forma do “romance social”, mobiliza aspectos de sua biografia para entender a ficcionalização da trajetória aventureira de seu pai, que ensejou o enredo da narrativa. Aspectos da interiorização do país pelo rio São Francisco e da fundação da cidade de Pirapora são tematizados na narrativa, que privilegia uma elocução realista, mas uma elocução já timbrada pela dimensão poética que atravessara o estilo romanesco do autor. A relação conflituosa com os nativos quilombolas e indígenas é enfocada também através de uma abordagem sociológica e linguística. A discussão sobre São Bernardo (1934), único clássico do corpus, encerra o trabalho retomando a discussão (coetânea à publicação) da suposta inverossimilhança em torno do protagonista do romance de Graciliano Ramos. A escalada social de Paulo Honório e o desenvolvimento da propriedade adquirida revertem-se nesta leitura numa insólita decadência (mais moral que econômica, embora também). Os motivos centrais do enredo são analisados em conjunção às dinâmicas narrativas e às peculiaridades do irascível e volúvel narrador. O epílogo serve ao propósito de explicitar aspectos da trajetória do doutorando em relação aos livros e à literatura. É uma espécie de crônica afetiva a propósito da tese.

Palavras-chave: Romance de 30; Romance social - Brasil; Modernismo (Literatura) - Brasil; Ciclo romancesco

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