Resumo

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O discurso do colorismo no Brasil : processos de racialização e genderização nos dizeres da identidade nacional e das mídias negras

Larissa da Silva Fontana

Orientador(a): Mônica Graciela Zoppi Fontana

Mestrado em Linguística - 2021

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - Si38d


Resumo:
Nessa dissertação, por meio do escopo teórico-analítico da análise de discurso materialista em articulação com estudos decoloniais, busco compreender os processos de constituição, formulação e circulação dos discursos sobre o colorismo no Brasil a partir de textos produzidos nas mídias negras brasileiras (veículos de comunicação construídos por pessoas negras, que buscam disputar as narrativas do debate racial brasileiro). Nesses textos, o discurso sobre o colorismo se sustenta na relação entre a obra da escritora negra estadunidense, Alice Walker, que define colorismo como “tratamento prejudicial ou preferencial de pessoas da mesma raça baseado unicamente por sua cor” (WALKER, 1982, s/p.) e os processos de mestiçagem brasileiros. Tal discurso passa a circular em espaços acadêmicos, militantes e midiáticos, produzindo efeitos de legitimidade das mídias negras enquanto espaços especializados de debate racial. A partir dessas considerações, o foco de investigação conduziu um trajeto arquivístico, teórico e analítico que possibilitou (re)pensar os processos de racialização brasileiros, em diferentes condições de produção, enquanto constitutivos de sujeitos sempre já-gendrados na relação com as possibilidades de efeito-autor e com os lugares de enunciação atrelados a corpos fenotipicamente racializados em um contexto de racismo por denegação. As análises desenvolvidas estão amparadas na montagem de um arquivo composto por materiais distintos como: i) as obras de Oliveira Viana (1920) e Gilberto Freyre (1933), intelectuais brancos que tematizam a mestiçagem no estabelecimento da identidade nacional brasileira; ii) seções “sobre” ou “institucional” de veículos da mídia negra; e iii) textos sobre o colorismo produzidos e/ou veiculados pela mídia negra entre 2015 e 2020. Tal trajeto culminou na compreensão do colorismo enquanto discursividade – um discurso do colorismo – produzida em práticas sócio-históricas e materializada em diferentes formas, cujos desdobramentos textualizam tensões dentro e fora da comunidade negra, sustentadas na evidência da raça enquanto aspecto biológico e de uma hierarquia entre sujeitos negros ordenada unicamente pela cor da pele. Tais práticas são possíveis devido ao modo como os sujeitos são interpelados de maneira a entender a raça e o corpo como transparentes e não falhos, o que (des)organiza distintivamente como os sujeitos racializados e genderizados são vistos e lidos no contexto brasileiro.

Palavras-chave: Colorismo; Análise do discurso; Mestiçagem; Relações raciais; Estudos de gênero

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