Resumo

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Memória, trauma e história : percursos do memorialista em Feliz ano velho (1982) e Ainda estou aqui (2015), de Marcelo Rubens Paiva

Caroline Peres Martins

Orientador(a): Daniela Birman

Mestrado em Teoria e História Literária - 2021

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - M366m


Resumo:
Esta dissertação tece uma análise comparativa entre os livros de memória Feliz ano velho (1982) e Ainda estou aqui (2015), ambos de Marcelo Rubens Paiva. Embora tenham sido publicados com um intervalo temporal de mais de trinta anos, especula-se que eles podem ser lidos como uma duologia de memórias individuais e familiares dos Paiva, sobretudo no que toca ao desaparecimento de Rubens Paiva. Sequestrado pela Aeronáutica em 1971, seu “sumiço” foi abordado pelo filho-escritor desde sua estreia literária, como pano de fundo, já que sua autobiografia, Feliz ano velho, focaliza o acidente que o deixou tetraplégico. Ainda que não possa ser considerada uma obra de oposição, caso se estude suas circunstâncias de lançamento e sua primeira recepção, ela retrata o desamparo das vítimas indiretas do regime militar brasileiro (1964-1985) e, nesse sentido, pode ser colocada ao lado das demais narrativas do período. Por ser um trauma de difícil elaboração, o desaparecimento do seu pai acaba por retornar à produção do autor com Ainda estou aqui, publicado no ano seguinte à finalização dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014) e à denúncia do Ministério Público contra cinco ex-militares, envolvidos no caso Rubens Paiva, iniciativas que embasam seu discurso memorialista. Apesar disso, elas não conseguiram trazer o principal: a justiça (por meio do julgamento e da punição dos responsáveis pelos crimes cometidos) e a localização do corpo do ex-deputado. Impulsionado tanto pela perda das lembranças da mãe (acometida pelo Alzheimer) quanto pelo apagamento da memória da sociedade brasileira (sintomático no pedido saudosista de retorno à ditadura, identificado em manifestações públicas desde 2013), Paiva decide narrar o embate de sua família, e em especial de sua mãe, pelo esclarecimento da verdade sobre o assassinato do parlamentar. Com o esquecimento coletivo dos horrores do regime, ele lembra, prosseguem os apologismos à ditadura, a prática da tortura e os desaparecimentos forçados, que avançam em nosso presente.

Palavras-chave: Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Feliz ano velho; Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Ainda estou aqui; Memória coletiva; Trauma psíquico; Ditadura

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