Resumo

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"Somos uma unidade de estudantes por uma só causa" : processos de categorização social e elaboração de identidades em entrevistas com estudantes secundaristas da escola Carlos Gomes, em Campinas, São

Sergio Casimiro

Orientador(a): Anna Christina Bentes da Silva

Doutorado em Linguística - 2020

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C269s


Resumo:
Neste trabalho, pretendemos estudar processos de categorização na fala de estudantes secundaristas que participaram da ocupação da Escola Estadual Carlos Gomes, na cidade de Campinas – SP, em 2015. Partimos da hipótese de que a categorização, como fenômeno textual-discursivo e sociocognitivo (cf. APOTHÉLOZ; RECHLER-BÉGUELIN, 1995; MONDADA; DUBOIS, 1995; MARCUSCHI, 2007; KOCH, 2008), constitui-se como um recurso argumentativo e como recurso identitário, marcando pontos de vista e centros de valor. Partimos da premissa de que existe uma correlação entre formas linguísticas com significados sociais que indiciam (cf. OCHS, 1992; SILVERSTEIN, 1976) traços identitários e representações identitárias, construídas na fala desses estudantes. Na metodologia, empregamos o uso de questionário sociocultural, diários de observação e de entrevista sociolinguística. Foram selecionados oito colaboradores, sendo quatro estudantes do sexo masculino e quatro estudantes do sexo feminino, escolhidos a partir da rede de contatos de uma estudante âncora (cf. MILROY, 1987; MILROY; GORDON, 2003; BERNARD, 2006). As entrevistas foram transcritas a partir de convenções adaptadas do projeto NURC (CASTILHO, 1970, 1990) e do projeto ALIP (GONÇALVES, 2003). Temos como objetivo geral mostrar como a categorização se constitui como um recurso de construção de representações de identidade na fala desses estudantes. São discutidas também as concepções de categorização e de identidade no interior dos Estudos Sociais, da Psicologia Social e dos Estudos Linguísticos, para, finalmente, nos posicionarmos com a concepção de que identidade é ao mesmo tempo incorporada e emergente (BOURDIEU, 2006, 2009; HANKS, 2008; BUCHOLTZ; HALL, 2012; BELL, 2016). Defendemos também que a ocupação constitui o que Wenger (1998) denomina de comunidade de prática. A partir de estudos em teorias dos Novos Movimentos Sociais (MELUCCI, 1996; SNOW, 2001), analisamos as identidades pessoais dos secundaristas e traços identitários que permitem falar em identidade coletiva dos estudantes. Como resultados, descrevemos e analisamos as heterocategorizações sobre os atores sociais dessa instituição, como os grupos de alunos, os professores e a direção. A partir da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 2002), descrevemos e analisamos a ocupação conceptualizada pelos estudantes como “um movimento dos estudantes”, como “luta”, como “mudança” e como “voz”. Identificamos também categorizações heterodialógicas, que reportam a voz do outro, sobre a ocupação, a reorganização e os atores sociais ali envolvidos. Identificamos ainda autocategorizações que indiciam traços identitários dos entrevistados. Por fim, mostramos como identidades individuais convergem para a formação de uma identidade coletiva (cf. SNOW, 2001), resultado do compartilhamento de traços identitários construídos previamente, durante e após a ocupação. Concluímos que há regularidades nas categorizações e nas identidades dos estudantes e que a participação deles nessa comunidade de prática permitiu a emergência de novos traços identitários, antes ausentes.

Palavras-chave: Escola Estadual Carlos Gomes (Campinas, SP); Estudantes do ensino médio; Escolas - Ocupação; Categorização (Linguística); Identidade (Conceito filosófico)

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